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TELEVISÃO
Crítica
Irregular, Makhmalbaf acerta em "Gabbeh"
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Está certo e não está falar do
"cinema francês", ou "brasileiro", ou "americano". Está errado porque cada cinematografia
produz filmes muito diferentes
entre si. E está certo porque,
por mais diferentes que sejam,
filmes de um país sempre guardarão algo de comum: uma luz,
uma paisagem, um modo de ser
das pessoas etc.
Isso lhes confere uma personalidade que transcende, em
larga medida, os desígnios de
cada artista. Mas será bem injusto colocar todas as obras
num mesmo saco nacional. Por
exemplo: os filmes de Abbas
Kiarostami pouco têm em comum com os de Mohsen Makhmalbaf.
Este último, aliás, se pauta
por uma irregularidade avassaladora. "Gabbeh" (Futura,
22h, não recomendado a menores de 12 anos) é um dos seus
mais belos trabalhos a terem
chegado até nós. Gabbeh é um
tipo de tapete persa, o que é
bem conhecido. Menos conhecido é aquilo sobre o que discorre o filme: a sofisticada estamparia de um gabbeh é a narrativa de uma história.
Assim como a tatuagem pode
ser um relato, as figuras do gabbeh são como que o resumo de
uma existência, com seus espantos, belezas, tragédias.
Aqui, em linhas gerais, é a história de um amor que se conta.
Se outras vezes vemos
Makhmalbaf oscilar entre o autoritário e o meramente comercial ("A Caminho de Kandahar"), em "Gabbeh" é possível encontrar momentos de
verdadeira poesia.
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