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Após ver o show, brasileiro treina e vira astro do gelo
DA REPORTAGEM LOCAL
Sabe aquela vontade que
quase todo mundo sente de sair
patinando quando vê um espetáculo como o Holiday on Ice?
Pois o paulistano Eduardo
Marques, 58, levou isso a sério.
Na década de 60, ele trabalhava
em uma farmácia para ajudar
no sustento de sua família
quando foi assistir ao Holiday
no Ibirapuera. Pensou: "Eu
quero ser isso, esse patinador
que faz dupla com mulheres".
Todos os dias, saía da farmácia e ia treinar em uma pista de
patinação na esquina da Paulista com a Brigadeiro Luís Antônio. Orgulha-se de dizer que
nunca teve um professor.
Precisou servir o Exército no
Estado do Rio e logo correu
atrás de uma pista de gelo por
lá. Descobriu uma no hotel
Quitandinha, em Petrópolis.
"Só para poder patinar, virei
pára-quedista do Exército, porque era isso o que tinha para fazer em Petrópolis", lembra.
Quando já estava com alguma noção, chamou um fotógrafo para registrar sua performance no Quitandinha e enviar
ao Holiday. Para as posições
mais complicadas, usou um
truque. Em vez de realmente
saltar, armou uns ganchos para
ficar pendurado e fazer a foto.
O pessoal do Holiday caiu e o
chamou para um teste. Não deu
na primeira, mas na segunda.
"Eu passei sem nem saber patinar direito. Aprendi tudo quando já estava lá", confessa.
Em 1972, contratado pelo
Holiday, enfiou US$ 50 no bolso e viajou para a França, onde
fez sua primeira apresentação.
Era ainda coadjuvante, daqueles patinadores que entram em
grandes grupos. Mas, em vez de
descansar nas folgas, usava a
pista vazia para treinar com
uma amiga. Até que, anos depois, conseguiu se apresentar
pela primeira vez como uma
dupla, em Buenos Aires, e realizar o sonho que começara no
ginásio do Ibirapuera.
Foi funcionário do Holiday
por 28 anos e não consegue
contar quantos países visitou.
"No começo, morava em hotéis
nas cidades onde o Holiday se
apresentava. Depois, comprei
um trailer e ficou mais confortável, tinha até ar-condicionado", conta o patinador.
Nos anos 90, voltou ao Brasil
e montou um grupo de patinadores, o Ice Rollers Stars, que
faz apresentação em circos,
eventos empresariais e de prefeituras. Eventualmente, ainda
participa de shows do Holiday
em países próximos. Com o primeiro grau completo, hoje vive
bem e, perto dos 60, não pára
de dar piruetas por aí.
(LM)
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