São Paulo, quarta-feira, 09 de dezembro de 2009

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Artistas pedem "distrito boêmio" no centro de SP

LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O ator, dramaturgo e diretor Hugo Possolo, sócio do Espaço Parlapatões, na praça Roosevelt, onde o dramaturgo Mário Bortolotto foi baleado no sábado passado, diz que o episódio "não está relacionado aos moradores que estão ali debaixo [da marquise de concreto da Roosevelt] nem ao tráfico que tem do outro lado da praça". O fato, para ele, se filia a "um contexto muito maior de violência da sociedade".
"As pessoas às vezes são simplistas em dizer: "A culpa é da não reforma [da praça], do governo, da prefeitura". Não. A situação é bem mais complexa do que isso", avalia Possolo, antes de lembrar:
"Há três semanas, o próprio prefeito [de São Paulo, Gilberto Kassab] foi lá para discutir com a gente. Conversou com vários comerciantes e perguntou: "Qual o problema que temos aqui?". Não posso desqualificar um cara que estava mostrando vontade. Nem posso desqualificar o governador [José Serra], que, desde o primeiro momento, pôs toda a estrutura do Estado com atenção a esse caso."
Segundo o ator, mais importante do que a reforma da Roosevelt é "que o cidadão saiba que o espaço público é dele": "Um fato como esse afugenta as pessoas, marca o lugar. E não falo do meu espaço, que posso fechar. O que me preocupa é o aspecto geral de transformação daquele entorno, que não pode ser abalado".
Possolo integra um grupo de artistas que pediu à prefeitura um plano de criação de um distrito cultural boêmio, que incluiria a Roosevelt, o centro financeiro e a cracolândia.

Lei do silêncio
Ainda não há decisões sobre possíveis mudanças de horário de funcionamento ou reforço de segurança no Parlapatões. Mas a direção do espaço pretende levar adiante a programação desta semana, que prevê apresentações de "Anatomia Frozen" (quarta e quinta), "Brutal", texto de Mário Bortolotto (sexta), e "O Papa e a Bruxa" (sexta a domingo).
"Havia segurança, câmeras. Sinceramente, não sei o que fazer a mais", afirma Possolo. "Talvez seja importante termos claro que há uma lei equivocada, criada há alguns anos para conter a violência no Jardim Ângela, que obriga alguns bares [sem segurança, estacionamento e isolamento acústico] a fechar as portas à 1h. Ali na praça, quanto mais tempo permanecermos de porta aberta, iluminados para a rua, melhor. Se escurece, facilita a vida do bandido, não a do cidadão."


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