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Artistas pedem "distrito boêmio" no centro de SP
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
O ator, dramaturgo e diretor
Hugo Possolo, sócio do Espaço
Parlapatões, na praça Roosevelt, onde o dramaturgo Mário
Bortolotto foi baleado no sábado passado, diz que o episódio
"não está relacionado aos moradores que estão ali debaixo
[da marquise de concreto da
Roosevelt] nem ao tráfico que
tem do outro lado da praça". O
fato, para ele, se filia a "um contexto muito maior de violência
da sociedade".
"As pessoas às vezes são simplistas em dizer: "A culpa é da
não reforma [da praça], do governo, da prefeitura". Não. A situação é bem mais complexa do
que isso", avalia Possolo, antes
de lembrar:
"Há três semanas, o próprio
prefeito [de São Paulo, Gilberto
Kassab] foi lá para discutir com
a gente. Conversou com vários
comerciantes e perguntou:
"Qual o problema que temos
aqui?". Não posso desqualificar
um cara que estava mostrando
vontade. Nem posso desqualificar o governador [José Serra],
que, desde o primeiro momento, pôs toda a estrutura do Estado com atenção a esse caso."
Segundo o ator, mais importante do que a reforma da Roosevelt é "que o cidadão saiba
que o espaço público é dele":
"Um fato como esse afugenta as
pessoas, marca o lugar. E não
falo do meu espaço, que posso
fechar. O que me preocupa é o
aspecto geral de transformação
daquele entorno, que não pode
ser abalado".
Possolo integra um grupo de
artistas que pediu à prefeitura
um plano de criação de um distrito cultural boêmio, que incluiria a Roosevelt, o centro financeiro e a cracolândia.
Lei do silêncio
Ainda não há decisões sobre
possíveis mudanças de horário
de funcionamento ou reforço
de segurança no Parlapatões.
Mas a direção do espaço pretende levar adiante a programação desta semana, que prevê
apresentações de "Anatomia
Frozen" (quarta e quinta),
"Brutal", texto de Mário Bortolotto (sexta), e "O Papa e a Bruxa" (sexta a domingo).
"Havia segurança, câmeras.
Sinceramente, não sei o que fazer a mais", afirma Possolo.
"Talvez seja importante termos
claro que há uma lei equivocada, criada há alguns anos para
conter a violência no Jardim
Ângela, que obriga alguns bares
[sem segurança, estacionamento e isolamento acústico] a
fechar as portas à 1h. Ali na praça, quanto mais tempo permanecermos de porta aberta, iluminados para a rua, melhor. Se
escurece, facilita a vida do bandido, não a do cidadão."
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