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Nos EUA, TVs preferem "reality shows" a bancar os altos custos da teledramaturgia
O medo confronta a esperança
No Brasil, Globo espera que o fim da trama de Benedito Ruy Barbosa seja o capítulo final da crise das novelas
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Nos EUA já é um fato: os "reality
shows" estão concentrando os investimentos das TVs -e a teledramaturgia entra em crise.
Em tempos de recursos escassos
e necessidade de lucro rápido, redes norte-americanas têm preferido pôr dinheiro nas "novelas"
de anônimos (fenômenos de ibope com custo mais baixo de produção) a pagar salários milionários a astros de séries (que só costumam sair do prejuízo depois de
muita reprise). Seriados já tradicionais, como "Dawson's Creek",
estão tendo o fim anunciado.
Entre executivos e anunciantes,
parece não haver dúvida: a febre
dos "realities", que começou com
"Survivor" (2000), se não veio para virar um gênero da TV, pelo
menos não será tão passageira.
E esse novo rumo do mercado
televisivo dos EUA se dá justamente na hora em que, aqui, as
três novelas da Globo estão com
audiência abaixo do esperado. E,
por outro lado, "Big Brother",
mesmo em sua terceira edição,
continua bem de ibope (na estréia, deu mais audiência do que a
novela das oito) e patrocínio.
A direção da Globo acredita que
o fato de as três tramas terem problemas ao mesmo tempo é uma
coincidência, nada a ver com crise
da teledramaturgia. Espera que o
fim de "Esperança" (nesta semana), um dos piores desempenhos
de todas as novelas das oito, seja o
capítulo final dessa fase.
A emissora tem pressa para virar o jogo. Não cedeu aos inúmeros pedidos de Manoel Carlos para adiar a estréia de "Mulheres
Apaixonadas", substituta de "Esperança" (leia ao lado).
Medo
Profissionais da teledramaturgia entrevistados pela Folha se
mostram preocupados com a baixa audiência das novelas e o sucesso dos "reality shows". Dizem,
porém, ter esperança de que seja
uma crise passageira. "O "reality
show", com custo mais baixo, agora ocupa um espaço que deveria
ser da teledramaturgia. "A Casa
das Sete Mulheres" poderia começar mais cedo e o lugar para minisséries na programação poderia
ser permanente. Mas essa crise é
passageira. A teledramaturgia
brasileira é a espinha dorsal da
Globo e vai superar as dificuldades", diz Lauro César Muniz, autor da Globo e presidente da Associação dos Roteiristas de TV.
Ana Maria Moretzsohn, autora
de "Sabor da Paixão", atual novela das seis, diz que os "reality
shows" não vão acabar tão cedo.
"No Brasil ainda é novidade, mas
deixará de ser. As novelas têm audiência cativa, mesmo que os números variem. Mas, independente do gênero, se o produto for
bom, o público irá assisti-lo e não
acredito em preferências por parte dos programadores. Isso seria
uma burrice."
Autora da minissérie "A Casa
das Sete Mulheres" (com bons resultados no Ibope), Maria Adelaide Amaral também é otimista: "A
crise é cíclica. Já houve outros
momentos em que a teledramaturgia esteve em baixa e ressurgiu
das cinzas. O "Clone" provou que a
teledramaturgia ainda é mais poderosa que a indigente realidade
dos habitantes do "Big Brother'".
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