São Paulo, quinta-feira, 10 de fevereiro de 2005

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CINEMA

Competição, que começa hoje, reúne 26 filmes até o dia 20; o brasileiro "Redentor" tem exibição em mostra paralela

Festival de Berlim se volta para a produção africana

FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

Sem um tema específico para sua 55ª edição, o Festival de Cinema de Berlim, também chamado de Berlinale, que tem início hoje na capital alemã, privilegia produções africanas na mostra competitiva, com um total de 26 filmes. Destes, quatro longas são oriundos do continente africano, sendo três da África do Sul (dois em co-produção) e um de Ruanda.
"Neste ano nosso foco é a África, com vários filmes que provocam emoções, entretenimento e inspiram esperança", disse em Berlim o diretor do festival, Dieter Kosslick. "A esperança, por exemplo, está representada no porteiro do filme "Hotel Rwanda", que salvou bravamente centenas de pessoas, enquanto uma animada vontade de viver pode ser vista em "Carmen in Khayelitsha", uma adaptação sul-africana da ópera "Carmem'", conta ainda Kosslick.
Vem da África também a primeira produção a levar estrelas de cinema a caminhar, hoje, pelo tapete vermelho do palácio Marlene Dietrich, a sede do festival. Estrelado por Joseph Fiennes e Kristin Scott Thomas, "Man to Man", dirigido por Régis Wargnier ("Indochina"), é uma co-produção entre França e Inglaterra, que abre o festival contando a história de um grupo de antropólogos que realiza uma expedição para a África do Sul, no século 19, descobre uma tribo de pigmeus e leva dois deles para a Escócia.
Kosslick aposta também numa nova geração de diretores para a mostra competitiva deste festival, com quatro estreantes em longa-metragem, o que contraria a tradição do evento em apresentar cineastas de renome, desta vez contando apenas com os prestigiados Alexander Sokúrov, com "O Sol", Abbas Kiarostami, com "Tickets" (ingressos), e André Téchine, com "Les Temps qui Changent" (tempos de mudança).
Entre os novatos, estão o artista visual norte-americano Mike Mills, com "Thumbsucker" (chupador de dedo), estrelado por Keanu Reeves e Tilda Swinton; o dinamarquês Jacob Thuesen, que editou vários filmes de Lars von Trier, com "Anklaget" (acusado); e ainda o italiano Stefano Mordini, com "Provincia Meccanica".
Entretanto a Berlinale não se restringe à competição, já que no total o festival apresenta 250 filmes em suas nove seções. A segunda mais importante, o Panorama, que comemora 20 anos, tem início hoje com "Redentor", do brasileiro Cláudio Torres, apresentado como uma "fulminante abertura para o festival", segundo Wieland Speck, diretor do Panorama -os ingressos para a sessão esgotaram ontem. O filme, já exibido no Brasil, é, aliás, o único representante da nova produção nacional em Berlim, pois também será exibido o clássico "Terra em Transe", do baiano Glauber Rocha, em cópia restaurada.
Nos próximos dez dias, Berlim, com temperatura de abaixo de 0 C e neve, se torna a capital mundial do cinema. Tomara que a "onda" africana ajude a esquentar ao menos as salas de exibição.


O jornalista Fabio Cypriano viaja a convite da organização do festival


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