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CINEMA
Competição, que começa hoje, reúne 26 filmes até o dia 20; o brasileiro "Redentor" tem exibição em mostra paralela
Festival de Berlim se volta para a produção africana
FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM
Sem um tema específico para
sua 55ª edição, o Festival de Cinema de Berlim, também chamado
de Berlinale, que tem início hoje
na capital alemã, privilegia produções africanas na mostra competitiva, com um total de 26 filmes.
Destes, quatro longas são oriundos do continente africano, sendo
três da África do Sul (dois em co-produção) e um de Ruanda.
"Neste ano nosso foco é a África,
com vários filmes que provocam
emoções, entretenimento e inspiram esperança", disse em Berlim
o diretor do festival, Dieter Kosslick. "A esperança, por exemplo,
está representada no porteiro do
filme "Hotel Rwanda", que salvou
bravamente centenas de pessoas,
enquanto uma animada vontade
de viver pode ser vista em "Carmen in Khayelitsha", uma adaptação sul-africana da ópera "Carmem'", conta ainda Kosslick.
Vem da África também a primeira produção a levar estrelas de
cinema a caminhar, hoje, pelo tapete vermelho do palácio Marlene
Dietrich, a sede do festival. Estrelado por Joseph Fiennes e Kristin
Scott Thomas, "Man to Man", dirigido por Régis Wargnier ("Indochina"), é uma co-produção
entre França e Inglaterra, que abre
o festival contando a história de
um grupo de antropólogos que
realiza uma expedição para a África do Sul, no século 19, descobre
uma tribo de pigmeus e leva dois
deles para a Escócia.
Kosslick aposta também numa
nova geração de diretores para a
mostra competitiva deste festival,
com quatro estreantes em longa-metragem, o que contraria a tradição do evento em apresentar cineastas de renome, desta vez contando apenas com os prestigiados
Alexander Sokúrov, com "O Sol",
Abbas Kiarostami, com "Tickets"
(ingressos), e André Téchine, com
"Les Temps qui Changent" (tempos de mudança).
Entre os novatos, estão o artista
visual norte-americano Mike
Mills, com "Thumbsucker" (chupador de dedo), estrelado por
Keanu Reeves e Tilda Swinton; o
dinamarquês Jacob Thuesen, que
editou vários filmes de Lars von
Trier, com "Anklaget" (acusado);
e ainda o italiano Stefano Mordini, com "Provincia Meccanica".
Entretanto a Berlinale não se
restringe à competição, já que no
total o festival apresenta 250 filmes em suas nove seções. A segunda mais importante, o Panorama, que comemora 20 anos,
tem início hoje com "Redentor",
do brasileiro Cláudio Torres,
apresentado como uma "fulminante abertura para o festival", segundo Wieland Speck, diretor do
Panorama -os ingressos para a
sessão esgotaram ontem. O filme,
já exibido no Brasil, é, aliás, o único representante da nova produção nacional em Berlim, pois também será exibido o clássico "Terra
em Transe", do baiano Glauber
Rocha, em cópia restaurada.
Nos próximos dez dias, Berlim,
com temperatura de abaixo de 0
C e neve, se torna a capital mundial do cinema. Tomara que a
"onda" africana ajude a esquentar
ao menos as salas de exibição.
O jornalista Fabio Cypriano viaja a convite da organização do festival
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