MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os belos volumes geométricos que compõem a Faculdade da Arquitetura (1995), ligada à Universidade do Porto, fascinam gradualmente o espectador do documentário francês "A Escola de Siza", de Richard Copans e Stan Neumann, que passa hoje no Eurochannel, às 20h30.
As linhas elegantes têm assinatura conhecida: a de Álvaro Siza, o nome de maior projeção da conhecida arquitetura portuguesa, profissional de grande relevo no meio, reconhecido, por exemplo, com o Prêmio Pritzker, o mais prestigioso da arquitetura, dado em 1992.
"Há travellings na arquitetura." A afirmação de Siza dada à Folha em outubro passado ganha completa tradução quando nosso olhar passeia pelo conjunto de prédios exibidos pela câmera de Copans e Neumann em "A Escola...". Difícil não se impressionar com o jogo de formas, a leveza trazida aos ambientes, a circulação fluida entre eles e o delicado uso da luz natural nos edifícios de pequeno porte. São modulares, mas conseguem ao mesmo tempo exibir sua identidade.
Uma grande qualidade dos diretores é transformar criativamente em imagens o que poderia ser um conteúdo escolar e especializado. Em sua cena inicial, os cineastas captam os ruídos urbanos noturnos em meio ao desligar das luzes dos edifícios da faculdade, como a frisar a integração entre obra arquitetônica e homem, criação e uso, privado e público.
A cena que fecha o título, de grande sensibilidade, também é exemplar nesse sentido e ressalta a dimensão humana da arquitetura, à qual Siza nunca minimiza em seus projetos.
Copans e Neumann também não deixam de vislumbrar o público mais especializado -mas sem aborrecer o leigo-, ao exibir em projeções de computador os trunfos do projeto arquitetônico.
Arquitetura é arte, afirmou Siza à Folha. Difícil discordar, após a ajuda dos cineastas que realizaram "A Escola de Siza".