São Paulo, terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

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COMENTÁRIO/MÚSICA

Shows, e não prêmios, dão importância ao Grammy

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Com (enorme) exagero, o Grammy costuma ser chamado de "o Oscar da indústria fonográfica". Com os incontáveis troféus que distribui numa única noite (para ser exato: são 110), o Grammy acaba diluindo a própria importância de seus prêmios. Muito mais do que uma prima do Oscar, a premiação pode ser encarada como um reflexo nítido da música nestes anos 2000.
Tirando músicos, empresários dos músicos, parentes dos músicos e donos de gravadoras, pouquíssima gente se importa com 95% dos troféus distribuídos no evento.
Por exemplo: nesta 51ª edição do Grammy, realizada anteontem em Los Angeles, "Raising Sand", de Robert Plant & Alison Krauss, foi considerado o disco do ano. A dupla foi a maior vencedora, levando em outras quatro categorias, incluindo na de melhor gravação, com a faixa "Please Read the Letter".
A melhor música de 2008 para o Grammy foi "Viva la Vida", do Coldplay -por causa desta canção, aliás, a banda inglesa está sendo acusada de plágio pelo guitarrista americano Joe Satriani.
A grande movimentação de jovens cantoras na música pop foi percebida pelo Grammy -a inglesa Adele ganhou como artista novo.
Sobre as outras categorias, há pouco interesse. Ganhar como melhor performance de rap não vai aumentar as vendas dos discos de Lil Wayne; apenas artista brasileiro dá importância à categoria world music; e, convenhamos, só o folclore justifica premiar polka, rap gospel e outras bizarrices.
Assim, o que imprime algum interesse ao Grammy são as apresentações ao vivo -afinal, não são os shows a principal engrenagem da indústria fonográfica hoje?
Não por coincidência, foi o gigante U2 quem primeiro subiu ao palco da cerimônia, para tocar "Get on Your Boots", o primeiro single de "No Line on the Horizon", disco que sai em março.
Se, em anos anteriores, os organizadores do Grammy acertaram ao promover encontros (como o de Madonna e Gorillaz), anteontem valeu a pena a performance da anglo-cingalesa M.I.A., grávida de nove meses. Ela cantou "Swagga Like Us" escorada por um "quem-é-quem" do rap americano: Jay-Z, Kanye West, Lil Wayne, T.I.
Outro destaque foi o Radiohead, que mostrou "15 Step" acompanhado por uma banda de percussão e sopro.


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