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COMENTÁRIO/MÚSICA
Shows, e não prêmios, dão importância ao Grammy
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Com (enorme) exagero, o Grammy costuma ser chamado de
"o Oscar da indústria fonográfica". Com os incontáveis
troféus que distribui numa
única noite (para ser exato:
são 110), o Grammy acaba diluindo a própria importância
de seus prêmios. Muito mais
do que uma prima do Oscar,
a premiação pode ser encarada como um reflexo nítido da
música nestes anos 2000.
Tirando músicos, empresários dos músicos, parentes
dos músicos e donos de gravadoras, pouquíssima gente
se importa com 95% dos troféus distribuídos no evento.
Por exemplo: nesta 51ª
edição do Grammy, realizada
anteontem em Los Angeles,
"Raising Sand", de Robert
Plant & Alison Krauss, foi
considerado o disco do ano.
A dupla foi a maior vencedora, levando em outras quatro
categorias, incluindo na de
melhor gravação, com a faixa
"Please Read the Letter".
A melhor música de 2008
para o Grammy foi "Viva la
Vida", do Coldplay -por causa desta canção, aliás, a banda inglesa está sendo acusada de plágio pelo guitarrista
americano Joe Satriani.
A grande movimentação
de jovens cantoras na música
pop foi percebida pelo
Grammy -a inglesa Adele
ganhou como artista novo.
Sobre as outras categorias,
há pouco interesse. Ganhar
como melhor performance
de rap não vai aumentar as
vendas dos discos de Lil
Wayne; apenas artista brasileiro dá importância à categoria world music; e, convenhamos, só o folclore justifica premiar polka, rap gospel
e outras bizarrices.
Assim, o que imprime algum interesse ao Grammy
são as apresentações ao vivo
-afinal, não são os shows a
principal engrenagem da indústria fonográfica hoje?
Não por coincidência, foi o
gigante U2 quem primeiro
subiu ao palco da cerimônia,
para tocar "Get on Your
Boots", o primeiro single de
"No Line on the Horizon",
disco que sai em março.
Se, em anos anteriores, os
organizadores do Grammy
acertaram ao promover encontros (como o de Madonna e Gorillaz), anteontem valeu a pena a performance da
anglo-cingalesa M.I.A., grávida de nove meses. Ela cantou "Swagga Like Us" escorada por um "quem-é-quem"
do rap americano: Jay-Z,
Kanye West, Lil Wayne, T.I.
Outro destaque foi o Radiohead, que mostrou "15
Step" acompanhado por uma
banda de percussão e sopro.
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