São Paulo, quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.

Sertanejo Pena Branca morre aos 70, em SP

Violeiro seguiu carreira solo após morte do irmão e ganhou Grammy Latino

Com o irmão, Xavantinho, cantor exaltou a tradição da viola caipira sem se render aos apelos da indústria da música "country" nos anos 90

Ed Viggiani - 20.jul.2000/ Folha Imagem
Pena Branca completou 40 anos de trabalho como irmão, Xavantinho, e manteve carreira solo após morte do parceiro, em 1999

DA REPORTAGEM LOCAL

Após quase 50 anos dedicados às canções com temas do campo, morreu anteontem em São Paulo, vítima de infarto, aos 70, José Ramiro Sobrinho: o Pena Branca, da dupla Pena Branca e Xavantinho, expoente da música caipira brasileira.
Após a morte do irmão Ranulfo Ramiro da Silva, o Xavantinho, em outubro de 1999, Pena Branca seguiu carreira solo.
Lançou, em 2000, o álbum "Semente Caipira", vencedor do Grammy de melhor disco sertanejo.
Durante toda a carreira, Pena Branca se manteve fiel à viola caipira e às tradições sertanejas típicas do interior do Brasil, em contraposição aos apelos sertanejos de viés "country", que dominaram a música popular nos anos 90.
"Ele e o Xavantinho foram heróis da resistência caipira. Dois dos poucos que não se renderam ao sertanejo de mau gosto e alto consumo", avalia Rolando Boldrin, apresentador do programa de música popular "Sr. Brasil", da TV Cultura.
"Eles nunca tiveram vergonha da linguagem caipira e seguiram, numa carreira muito bonita, a meta de elevar o status da viola caipira", lembra Inezita Barroso, atriz, cantora e apresentadora do "Viola, Minha Viola", também da Cultura.

Caipiras
Nascido em Igarapava, interior de Minas Gerais, Pena Branca e o irmão trabalharam na roça e foram caminhoneiros em Uberlândia antes de iniciar a carreira como dupla em 1962, na rádio Difusora da cidade.
Mudaram-se para São Paulo em 1968, onde integraram, anos depois, uma orquestra de violeiros em Guarulhos, na Grande São Paulo. Ali, tiveram a sorte de chamar a atenção de Inezita Barroso.
"Fui tocar com a orquestra, e fiquei justamente de costas para eles. Meu Deus, que vozes maravilhosas! Eram vozes gêmeas", lembra Inezita. "Terminou o show e eu disse: vocês vão abandonar a orquestra e virar uma dupla de acabar com o baile (risos)! Mas eles eram medrosos, bem caipirões mesmo, e se assustaram", conta ela, que levou a dupla para seu programa dias após o encontro.
No mesmo ano, 1980, a dupla lançou "Velha Morada", seu primeiro LP, e passou a fazer participações constantes no rádio e na TV. Seu segundo LP, "Uma Dupla Brasileira", teve produção Boldrin.
A música da dupla chamou a atenção de nomes da MPB, como Milton Nascimento, com quem gravaram a antológica "Cio da Terra", em 1987, e de Caetano Veloso, que lhes emprestou "O Ciúme".

Ouça trechos de músicas de Pena Branca
www.folha.com.br/100402


Texto Anterior: Comentário: Karina vem epifânica, agora Só(lo) e a PÉ
Próximo Texto: CDs
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.