São Paulo, quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

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CRÍTICA NÃO GOSTEI

Drama monarquista superficial desrespeita contexto histórico

ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A luta do duque de York para superar a gagueira inspira simpatia, assim como seu trato afetuoso com as filhas e seu jeito tímido e vulnerável. É o oposto do irmão, que é pintado como lascivo e arrogante.
Mas o filme não vai além disto: é uma história real de superação -gênero muito em voga- envolta em um sentimentalismo que recende a naftalina.
Superficial e chapa-branca, o roteiro negligencia o contexto histórico, preferindo enfatizar a relação de Albert com seu heterodoxo terapeuta e a pompa e circunstância que rodeia a família real. Assim, vários fatos são falsificados.
George 6º não conseguiu controlar a gagueira durante o discurso de declaração de guerra à Alemanha, em setembro de 1939, mas no começo daquela década.
Outra adulteração aparece quando um letreiro avisa que os discursos de George 6º feitos durante a guerra fizeram dele um símbolo da resistência nacional.
Ora, é mais do que sabido que os discursos que galvanizaram os britânicos na época foram aqueles feitos por Winston Churchill.
Embalado pelo rufar de tambores e por violinos, esse retrato saudosista e apolítico do rei "esquece" certos aspectos pouco louváveis de sua biografia, como o antissemitismo e a pouca convicção em condenar o nazismo triunfante dos anos 1930.
Outro esquecido é o povo, reduzido a elemento decorativo. Ele só é visto de longe, atrás das grades do palácio de Buckingham.
Todo esse narcisismo e simpatia pelos Windsor certamente ajudarão a ganhar Oscars e a promover o casamento do príncipe William, em abril.

O DISCURSO DO REI

AVALIAÇÃO ruim


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