São Paulo, quinta-feira, 10 de março de 2005

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O SENHOR DAS OITO

Para o autor, presidente da Câmara é alvo por ser nordestino

Severino sofre preconceito, mas Lula, não, afirma Silva

DO ENVIADO AO RIO

A seguir, a continuação da entrevista de Aguinaldo Silva.

 

Folha - Quando você criou o personagem Giovanni Improtta não temia repercussão negativa pelo fato de ele ser um bicheiro?
Aguinaldo Silva
- Olha, temia, mas eu queria fazer um bicheiro que quer a redenção. O Giovanni é um ex-bicheiro que quer ser um cidadão respeitado. É o cara que paga todos os impostos em dia.

Folha - Mas em alguns momentos da novela ele usou a força.
Silva
- Na sinopse estava previsto isso, de vez em quando ele teria recaídas, mas percebi que isso incomodou as pessoas e mudei.

Folha - O merchandising social do mal de Alzheimer foi prejudicado pela doença de Raul Cortez?
Silva
- É, foi um pouco. É chato falar isso, mas tive de apressar o final dele. De qualquer maneira, eu não queria levar a doença às últimas conseqüências.

Folha - Por que a novela teve tanta agressão aos nordestinos?
Silva
- Olha, a gente vê isso nas ruas todo dia. Existe muito preconceito contra nordestino. Atualmente está acontecendo uma coisa que me espanta: o Lula e o Severino Cavalcanti, na verdade, são muito próximos. Mas as pessoas têm um respeito enorme pela figura do Lula, mas não têm o menor respeito pela figura do Severino. Todo o preconceito em cima do Severino é porque ele é nordestino, não por ser de direita.

Folha - Será que não?
Silva
- Outros políticos de direita não são tão ridicularizados.

Folha - Então Severino é mais nordestino do que Lula?
Silva
- O Lula ficou meio apaulistado. Tenho a impressão de que muita gente que jamais revelaria preconceito com relação ao Lula está se vingando no Severino.

Folha - Qual é a última cena de "Senhora do Destino"?
Silva
- É a Maria do Carmo com a família reunida atrás dela, na varanda, olhando a Vila São Miguel. Aí ela diz: "Belém de São Francisco, Baixada Fluminense, Brasil. É um ótimo lugar para viver".

Folha - A próxima novela, "América", diz o contrário, que aqui é péssimo para viver.
Silva
- Eu jogo essa discussão para a novela seguinte.


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