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MÚSICA
Especial toca o Raul que virou história
MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Diferentemente do que cantava
em "Anárkilópolis", Raul Seixas
(1945-1989) entrou para a história. No rock brasileiro, representou a contracultura, o alternativo,
antes que isso virasse nome de gênero musical. A zona, enfim.
O documentário "Raul Seixas
-°O Maluco Beleza", no entanto, é
caretinha: oficial, laudatório e
simples. Tudo fica muito claro
quando Marcelo Nova -o melhor discípulo do cantor baiano-
dá seu depoimento, afirmando
que Raul não era um anjo, e sim
um brigão, um batalhador.
Esse Raulzito feroz pouco aparece em "O Maluco Beleza". Pelos
depoimentos, como o da viúva,
Kika Seixas, vemos mais seu lado
idealista, de alguém que acreditava em uma sociedade alternativa.
Se não para todos, ao menos para
ele mesmo.
O que salva o documentário, no
entanto, é a incrível trajetória do
personagem. Um garoto baiano
que, aos 11 anos, chocou um padre ao dizer que queria casar com
Elvis Presley sem dúvida é um rebelde interessantíssimo.
Sem acrescentar muita profundidade, até pela sua curta duração, o programa aborda a ida de
Seixas ao Rio, sua ligação com
Paulo Coelho, a decadência e o
fim solitário, em São Paulo. Há
depoimentos geniais do próprio
Raul, como aquele em que se declara parte não-integrante da linha evolutiva da MPB.
Exagero. É certo que detestava
bossa nova, é verdade que não se
alinhou com o tropicalismo e é
inegável que, com a ascensão do
rock dos anos 80, seu trabalho começou a ser olhado como ultrapassado. Se gostava de dizer que
preferia ter nascido nos EUA,
nunca deixou de fazer um rock
contaminado de brasilidade.
Mesmo que hoje o folclórico pedido de "toca Raul" já tenha se
tornado uma chatice, o músico é
uma referência monumental do
que o rock já foi no Brasil. Entrou
para história sem querer. Ainda
bem que não quis.
Raul Seixas - O Maluco Beleza
Quando: sexta, às 21h30, na Rede
SescSenac
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