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MÚSICA
Crítica/ "Guns N" Roses"
Banda faz show genérico em Brasília
O vocalista Axl Rose, único remanescente da formação original do grupo, decepciona no início da turnê pelo Brasil
THIAGO NEY
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
"Minha calça está
caindo. Vocês
não imaginavam
que a minha calça fosse cair,
não?" Axl Rose está inchado,
mas não tão redondo quanto se
esperava.
A referência à calça é das
poucas frases que Axl dirige aos
13 mil fãs que lotaram o ginásio
Nilson Nelson, em Brasília, para assistir ao primeiro show
desta turnê do Guns N" Roses
pelo Brasil -a banda passa ainda por Belo Horizonte (hoje),
São Paulo (13/3), Rio de Janeiro (14/3) e Porto Alegre (16/3).
O show era para ter acontecido às 20h30 de domingo. Mas
às 20h30 subiu ao palco a banda brasileira Khallice.
Às
21h30, foi a vez de Sebastian
Bach (ex-vocalista do grupo de
hard rock Skid Row). Axl e seu
Guns N" Roses apareceram
apenas à 0h15 de anteontem. A
apresentação acabou às 2h40.
Em uma segunda-feira.
O Guns N" Roses 2010 é Axl
Rose e mais sete (guitarristas,
tecladistas, baixista etc.).
Músicos competentes, executam os
hits com perfeição, mas não
deixa de ser uma espécie de
banda de luxo cover. Não temos
mais Slash, Duff McKagan, Izzy
Stradlin, Matt Sorum, Steven
Adler... Restou apenas Axl. E o
curioso: é Axl quem destoa.
Porque enquanto todos tocam as músicas de maneira irrepreensível, Axl já não dança e
canta como antes. Falta fôlego
em faixas como "Welcome to
the Jungle", "Mr. Brownstone",
"Rocket Queen".
A apresentação ganhou produção caprichada. Fogos de artifício estouram pelo palco durante boa parte do show. Há
quatro telões de LED, em formato cilíndrico, além de chuva
de papel picado, entre outros
truques.
Seria cruel exigir que Axl, 48,
ainda conservasse a energia
que exibia aos 20 e poucos
anos. Ele faz o que pode. Tenta
simular os passos que o ajudaram a ficar famoso, mas o alongamento já não é mais o mesmo. Ele sai várias vezes do palco, enquanto os músicos solam
ou terminam as canções.
Mesmo com o horário ingrato, o público acompanha o
show com animação -principalmente nos hits antigos, como "Patience", "Nightrain",
"Sweet Child o" Mine", "It's So
Easy". Percebemos a falta que o
guitarrista Slash faz ao Guns N"
Roses: ele conseguia criar riffs
poderosos, contagiantes.
As faixas mais recentes, do
álbum "Chinese Democracy"
(2008), como a faixa título,
"Sorry" e "Better", causam efeito bem menor. O Guns N" Roses
soa como uma banda genérica
de hard rock.
Após "You Could be Mine",
"Knockin" on Heaven's Door" e
"Nightrain", a banda deixa o
palco. Antes do bis, parte do público, aparentando cansaço,
deixa o ginásio. Vem o bis. E um
grupo de fãs, na pista, abre um
bandeirão semelhante aos de
torcidas organizadas de futebol. Os músicos sorriem, nunca
devem ter visto coisa parecida
em um show. O hino "Paradise
City" encerra a noite-madrugada, em meio a ensurdecedores
fogos.
GUNS N' ROSES
Avaliação: ruim
O repórter THIAGO NEY viajou a convite dos organizadores do evento
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