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Selo independente Putumayo vai ampliar ação na América Latina
Com visual "naïf", gravadora faz nova leitura do conceito de world music
CARLOS CALADO
Colaboração para a Folha
Referência no segmento da
world music, com CDs distribuídos em mais de 100 países, o
selo independente Putumayo
vai ampliar a atuação na América Latina. Depois de abrir um
escritório no Rio, no final de
2006, anuncia para maio o início da fabricação de seus títulos
no Brasil, em parceria com a
Sonopress.
O primeiro lançamento, também com distribuição mundial,
será a compilação "Brazilian
Lounge", que reúne gravações
de Paula Morelenbaum, Bebel
Gilberto, Seu Jorge e Kátia B,
além das bandas Mundo Livre
S/A e Bossa Cuca Nova, entre
outras. O selo, que costuma licenciar gravações já existentes,
também prepara uma compilação de canções para crianças -
o sexto título de música brasileira de seu catálogo.
Com sede em Nova York, a
Putumayo (nome de uma região da Colômbia) nasceu de
modo inusitado. Dan Storper,
seu fundador e presidente, tinha uma rede de lojas de roupas exóticas de países do Terceiro Mundo. Criou o selo em
1993, ao perceber o interesse
dos clientes pelas músicas que
trazia das viagens para tocar
nas lojas. Quatro anos depois,
decidiu se dedicar apenas à gravadora, hoje com mais cem títulos em seu catálogo.
Grande parte dos produtos
da Putumayo é vendida em butiques, cafés, casas noturnas e
livrarias, não só em lojas tradicionais de discos. O foco em um
segmento de público conhecido como "criativos culturais",
que se interessa pela cultura de
outros países e se preocupa
com a sustentabilidade do planeta, rendeu ao selo norte-americano 24 milhões de dólares, em vendas, no ano passado.
Uma marca do selo é o trabalho gráfico do inglês Nicola
Heindl, que ilustra todos os
produtos da Putumayo. Em estilo "naïf", com cores fortes e
traços simples, essas ilustrações veiculam um conceito de
world music diferente do rótulo criado pelas distribuidoras
internacionais de discos, no final dos anos 80, para classificar
músicas de países periféricos.
Um exemplo é a recém-lançada compilação "Blues
Around the World", que mescla
gravações de músicos de blues
de vários países, como a banda
brasileira Blues Etílicos, o guitarrista africano Amar Sundy e
a banda espanhola Jarabe de
Palo, além dos norte-americanos Taj Mahal e Otis Spann.
Se antes o rótulo de world
music abrangia qualquer manifestação não-originária dos
EUA ou da Inglaterra, a Putumayo encara esse conceito de
maneira mais antropológica:
ele inclui qualquer música de
raízes folclóricas, não importa
de qual país ou continente. Até
manifestações norte-americanas, como o blues, o zydeco ou o
jazz tradicional de Nova Orleans, podem entrar em suas
compilações.
Pode-se criticar o fato de o
selo restringir suas seleções a
músicas dançantes, para que o
ouvinte possa se "sentir bem".
Mas qualquer um que ouça, por
exemplo, a compilação "New
Orleans Christmas", tem que
admitir que ela foi feita com
sensibilidade musical, algo raro
no mercado de hoje.
SELO PUTUMAYO
Títulos: "Blues Around the World",
"New Orleans Christmas" e "Mississippi Blues"
Quanto: R$ 36 por cada CD, em média
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