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Crítica
Neutralidade é trunfo de "Marcha dos Pinguins"
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Seria "A Marcha dos Pinguins" (HBO Plus, 22h) um filme de defesa da família, como
alguns pretenderam ver?
Bem, pode-se ver nas coisas o
que se achar melhor. O fato é
que a fidelidade (relativa, se
bem estou lembrado) dos pinguins a suas fêmeas não ensina
nada sobre a existência dos homens, assim como a poligamia
canina etc.
Se tem um mérito o detido
filme de Luc Jacquet, de 2005,
é o de documentar da maneira
mais neutra -e, portanto, mais
honesta- possível a difícil
existência desses animais do
frio.
Nesse sentido, o filme não
deixa de evocar o soberbo "Nanook" (1922), de Flaherty, onde cada passo se apresenta como risco. De resto, existe um
aspecto misterioso nisso tudo,
que é a estranha semelhança física entre humanos e pinguins,
que parecem gente vestida de
garçom. Esse último aspecto é
que talvez leve tanta gente a
ver o filme fazendo aproximações infundadas. Nossas fidelidades ou infidelidades não têm
nada a ver com isso.
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