São Paulo, quinta-feira, 10 de maio de 2007

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Bajofondo faz "tango do novo milênio"

Banda Bajofondo Tango Club, que remodelou o ritmo com o acréscimo da eletrônica, faz shows no Rio e em São Paulo

Duas vezes vencedor do Oscar e destaque do grupo, Gustavo Santaolalla tocará também ao lado de Marisa Monte, de quem é fã


Divulgação
O músico Gustavo Santaolalla, que se apresenta amanhã no Rio de Janeiro


SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando surgiu na Argentina, há quatro anos, a banda Bajofondo Tango Club se autodenominou "a trilha sonora dos portenhos do novo milênio: tango e eletrônica; uma paisagem sonora da vida, num imprevisível e simultâneo estado de perigo, tristeza, raiva e amor".
Não era falta de modéstia, a julgar pela forma como o público argentino acolheu e transformou em peças cultuadas os dois primeiros álbuns do grupo -"Bajofondotangoclub" (2003) e "Supervielle" (2004).
Com o lançamento do terceiro disco, "Mar Dulce", previsto para o próximo semestre, o Bajofondo Tango Club desembarca no Brasil para shows no Rio de Janeiro (amanhã) e em São Paulo (na segunda-feira).

Coletivo
Embora tenha surgido como um coletivo de artistas argentinos e uruguaios (Luciano Supervielle e Jorge Drexler), a banda tem hoje no produtor e músico Gustavo Santaolalla uma indiscutível figura de proa.
Artista de múltiplas frentes, após o surgimento do Bajofondo, Santaolalla acentuou sua atuação como compositor de trilhas sonoras para filmes e realizou a proeza de vencer os dois últimos Oscar na categoria, com "O Segredo de Brokeback Mountain" (Ang Lee), em que derrotou o veterano John Williams, e "Babel" (Alejandro González Iñárritu).
"Há um antes e um depois do Oscar", diz Santaolalla, em entrevista à Folha, por telefone, de Los Angeles (Hollywood), onde vive atualmente e prepara mais trilhas (leia à esq.).
Amanhã, no Rio de Janeiro, Santaolalla voltará ao palco depois da apresentação do Bajofondo Tango Club, com a companhia exclusiva da cantora brasileira Marisa Monte.
"Sou fã dela. Amo a voz, a postura, a visão de arte que ela tem. Adoro especialmente [o CD] "Infinito Particular'", diz.
O repertório do show que o Bajofondo Tango Club traz ao Brasil e leva em seguida à Europa, em turnê pelo continente, é principalmente um apanhado dos dois primeiros álbuns, com uma pincelada do inédito "Mar Dulce", que deveria ter saído em março passado, segundo a previsão inicial.
O atraso, diz Santaolalla, se deve a "probleminhas de direitos [autorais] com os convidados" -muitos e renomados, como a canadense Nelly Furtado, o argentino Gustavo Cerati, e a uruguaia Lágrima Ríos, morta em dezembro passado, aos 82.

"Olho do furacão"
Se para a sobrevivência do tango no século 21, o Bajofondo encontrou uma proposta na incorporação da eletrônica, para o futuro da indústria fonográfica na era digital, Santaolalla acha mais difícil prever saídas.
"Estamos no olho do furacão. Se dissesse que sei onde essa indústria vai parar, estaria mentindo. Mas continuo achando que o mais importante, sempre, é o conteúdo, e não o suporte", afirma o músico.
Ele, porém, diversifica seus negócios, que incluem um vinhedo da uva Malbec e uma editora pela qual lançará um livro sobre as mães da Praça de Mayo e um ensaio de fotos com boleiros de várzea, "prefaciado por Diego Armando Maradona", diz. Sem modéstia.


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