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Cinema se encherá de som e fúria dos ídolos pop
THIAGO NEY
DA REDAÇÃO
A festa bancada pelo cinema
com a música pop entre os convidados nunca termina. E segue
com o som bem alto, algum sexo e
bastante polêmica.
Morto prematuramente em
maio de 1980, quando cometeu
suicídio aos 23 anos, Ian Curtis, líder do Joy Division e uma das
personalidades mais devotadas
do rock em todos os tempos, é
motivo de disputa entre duas produtoras interessadas em levar sua
vida à telona.
No mês passado, foi anunciado
que o produtor e músico americano Moby estaria envolvido na realização de um longa-metragem
sobre Curtis. O projeto estava
sendo encabeçado por Amy
Hobby (que produziu "Secretária", com James Spader).
O filme seria feito a partir do livro "Touching from a Distance"
(96), escrito pela viúva do cantor
do Joy Division, Debora Curtis.
Outro chamado para a empreitada foi o apresentador de TV e agitador cultural de Manchester Anthony Wilson (personagem central do filme "A Festa Nunca Termina"). Mas, Wilson contou à Folha, o projeto deve ser engavetado. "Amy teve três anos para iniciar as filmagens. Como nada
aconteceu, ela perdeu os direitos.
Agora tem uma produtora de
Pittsburgh que fechou um novo
acordo com Debora", disse.
Essa produtora é a Claraflora,
do ator Todd Eckert. "Nós queremos mostrar Ian como ele realmente era. Devido ao seu suicídio,
as pessoas se concentram muito
no aspecto dark de sua vida. Pretendemos focar também na energia que levou o público a amar o
Joy Division. Sua epilepsia, por
exemplo, será colocada em perspectiva", afirmou Eckert ao jornal
britânico "The Guardian".
O filme deve ser iniciado em
2005 e, segundo a assessora do
New Order [banda originária do
Joy Division], Rebecca Boulton, o
grupo irá participar do projeto.
O sexo e as nove canções
Sem um ídolo pop como mote,
mas não menos polêmico é o último longa de Michael Winterbottom, "Nine Songs".
Ganhador do Urso de Ouro no
Festival de Berlim do ano passado
com o "road movie afegão" "Neste Mundo", Winterbottom recebe
agora o título de diretor do filme
mais sexualmente explícito da
história do cinema mainstream
britânico -isso segundo jornais
e revistas do Reino Unido.
O roteiro é simplíssimo: um jovem inglês, em viagem à Antártica, relembra seu intenso relacionamento com uma namorada. O
título do longa faz referência às
canções de nove shows que o casal
freqüentou, de bandas como Super Furry Animals, Primal
Scream e Franz Ferdinand.
No meio disso, os dois fazem sexo. E Winterbottom filmou essas
cenas de forma "documental"
-daí o choque da parcela assumidamente conservadora da imprensa inglesa (como os jornais
"Daily Mail" e "The Sun").
Para apimentar ainda mais a
polêmica, a garota que protagoniza o filme com o ator Kieran
O'Brien é uma estudante e nunca
havia trabalhado como atriz
-aceitou participar com a condição de que seu nome não aparecesse nos créditos. Não fez diferença: os jornais ingleses localizaram a moça de 21 anos, Margo Stilley, na Carolina do Norte (EUA).
"Minha mãe teve que ligar para
a escola do meu irmão e pedir a
eles para não deixarem os repórteres entrarem lá", disse Stilley em
entrevista. Sobre as cenas de sexo:
"Não são chocantes. É sexo normal, como todas as pessoas fazem. Não é nada anormal".
Winterbottom carregou o projeto bem perto de si, desde os testes para os atores até sua finalização. No set de filmagens ficavam,
além dele, apenas os protagonistas, o câmera e o técnico de som.
Após dez dias filmando, "Nine
Songs" estava pronto.
Confrontado com as críticas recebidas, o cineasta reagiu atacando o "puritanismo" da imprensa
britânica e afirmou que seu filme
é uma história de amor.
"A maioria das histórias de
amor são filmadas sem o lado sexual dos relacionamentos, e isso
me parece falso. Os livros lidam
explicitamente com o sexo. Eu
quis mostrar uma relação apenas
pelo olhar sexual. Parte da motivação de realizar esse projeto era:
"O que tem de errado em mostrar
sexo?'", disse o diretor.
A primeira exibição de "Nine
Songs" aconteceu em sessão especial no último Festival de Cannes,
em maio. Para entrar em cartaz
no Reino Unido, o filme depende
de liberação do órgão governamental responsável.
O elefante grunge
Responsável por um dos mais
bem-sucedidos filmes do ano passado, "Elefante", o norte-americano Gus van Sant vai mostrar sua
visão sobre a música pop e sobre
um dos maiores ícones da história
do rock com "Last Days".
Van Sant foi a Seattle iniciar as
filmagens do longa que terá como
pano de fundo o surgimento do
grunge, no final dos anos 80/início dos 90, e a vida do maior ídolo
local, Kurt Cobain, líder do Nirvana, que se matou com um tiro em
1994, aos 27 anos.
Segundo o diretor, a trama será
"ficcional", e não uma biografia
do Nirvana, mas seu roteiro tem
um olho na trajetória pessoal de
Cobain. O ator Michael Pitt (de
"Bully") faz o papel de um rockstar que alcança a fama repentinamente. Asia Argento também está
no projeto.
Pink e Janis
Também um ídolo pop, também morta tragicamente (overdose de heroína em 1970, aos 27
anos), Janis Joplin terá sua vida levada ao cinema, em "O Evangelho
segundo Janis", da diretora Penelope Spheeris. Será interpretada
pela cantora pop Pink.
Pink levou o papel após concorrência com, entre outras, Britanny Murphy e Scarlett Johansson. "Ela tem o espírito da Janis, o
que algumas vezes me faz acreditar em reencarnação", disse
Spheeris à MTV americana.
O filme, em produção, focará o
período em que Joplin ingressou
na Universidade do Texas, aos 19
anos, até sua morte.
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