São Paulo, quinta-feira, 10 de junho de 2004

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MÚSICA

Evento que reúne cordel, exposição, shows regionais e videoarte acontece todas as quintas-feiras até o fim deste mês

Clube de São Paulo inventa a "festa junina urbana"

ADRIANA FERREIRA
DO GUIA DA FOLHA

Na Vila Madalena, em São Paulo, o clube Urbano é famoso por suas noites de segunda-feira, dia em que se formam longas filas na porta para assistir à jam de black music Suburbana.
A freqüência é de modelos, mauricinhos e muitos músicos -Falcão (O Rappa), Seu Jorge e os integrantes da banda Living Colour são alguns dos últimos freqüentadores que deram uma "palhinha" por lá.
Pois quem foi à casa na última quinta, dia 3, estréia do projeto Folclore Urbano, se surpreendeu com a mudança do cenário. A começar pela entrada, já que, para chegar até a pista, o público passava por projeções de slide que provocavam todo tipo de reação: alguns pararam para olhar, outros brincaram de teatrinho de sombras e muitas pessoas nem perceberam que o artista Beto Assis passou a noite inteira ali, trocando as imagens.
A pista foi tomada por um grupo de música regional do Morro do Querosene, bairro no Butantã onde acontecem as tradicionais festas do bumba-meu-boi. Ao som da banda Pé no Terreiro, os coloridos bailarinos fizeram o público, na maioria de jovens universitários, aprender os passos do cacuriá, dança de roda típica do Maranhão.
Contrastando com a simplicidade das letras e dos passos do cacuriá, o VJ Helmut "Oblomovv" Brainfader manipulava imagens que mostravam gravuras com figuras de cordel, vídeos de personagens do maracatu, fotos de flores etc. e, com efeitos simples, criou uma bonita moldura para a performance da pista.
"O folclore não é uma coisa antiga, regional. A cidade absorve o folclore, e esse absorve a fotografia, a computação", sintetiza a artista plástica Marcelle Dardenne, 27, que organiza a noite com o estudante de psicologia Gabriel Barbosa Lima, 22.

Atração "mainstream"
A "festa junina urbana", como eles definem o evento semanal, não se restringe ao palco principal, onde, além de apresentações regionais, sempre há uma atração "mainstream". No caso, o Trio Mocotó, que funcionou para "chamar o público".
Em um buraco ao lado da pista, até então fechado ao público, há shows experimentais, que mesclam jazz, dub, funk e reggae, como das bandas Pé na Cozinha e DaGaroa Groove.
No mesmo espaço experimental, também ocorrem leituras de poesias de cordel e exposição de folhetos.
Há quem torça o nariz para tanta informação junta. "Eles interromperam o som para a leitura de poesia de cordel. Não é que as pessoas não quisessem ouvir, mas poderiam ter mostrado isso em outra hora", diz a estudante Marilia Arantes, 21.
Para o francês Nills Lindholm, 21, que faz intercâmbio no Brasil, é ruim o público não ter um "alvo" para se concentrar. "Acho que [as apresentações] devem ser sincronizadas. Gosto de fazer uma coisa de cada vez", reclama Lindholm.
O projeto segue com novas atrações, todas as quintas-feiras, até o fim de junho. Hoje, há shows das bandas Caboclada, DaGaroa Groove, ZédeBob e Batuntã, apresentação de literatura de cordel, exposições de fotografia, grafite, pintura e poesia, além de manipulação de imagens e projeções de slides.


FOLCLORE URBANO. Onde: Urbano Club (r. Cardeal Arcoverde, 614, Pinheiros, região oeste de São Paulo, tel. 0/xx/11/3085-1001). Quando: hoje, à meia-noite. Quanto: R$ 15 (mulher) e R$ 20 (homem).


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