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MÚSICA
Evento que reúne cordel, exposição, shows regionais e videoarte acontece todas as quintas-feiras até o fim deste mês
Clube de São Paulo inventa a "festa junina urbana"
ADRIANA FERREIRA
DO GUIA DA FOLHA
Na Vila Madalena, em São Paulo, o clube Urbano é famoso por
suas noites de segunda-feira, dia
em que se formam longas filas na
porta para assistir à jam de black
music Suburbana.
A freqüência é de modelos,
mauricinhos e muitos músicos
-Falcão (O Rappa), Seu Jorge e
os integrantes da banda Living
Colour são alguns dos últimos
freqüentadores que deram uma
"palhinha" por lá.
Pois quem foi à casa na última
quinta, dia 3, estréia do projeto
Folclore Urbano, se surpreendeu
com a mudança do cenário. A começar pela entrada, já que, para
chegar até a pista, o público passava por projeções de slide que provocavam todo tipo de reação: alguns pararam para olhar, outros
brincaram de teatrinho de sombras e muitas pessoas nem perceberam que o artista Beto Assis
passou a noite inteira ali, trocando as imagens.
A pista foi tomada por um grupo de música regional do Morro
do Querosene, bairro no Butantã
onde acontecem as tradicionais
festas do bumba-meu-boi. Ao
som da banda Pé no Terreiro, os
coloridos bailarinos fizeram o público, na maioria de jovens universitários, aprender os passos do
cacuriá, dança de roda típica do
Maranhão.
Contrastando com a simplicidade das letras e dos passos do cacuriá, o VJ Helmut "Oblomovv"
Brainfader manipulava imagens
que mostravam gravuras com figuras de cordel, vídeos de personagens do maracatu, fotos de flores etc. e, com efeitos simples,
criou uma bonita moldura para a
performance da pista.
"O folclore não é uma coisa antiga, regional. A cidade absorve o
folclore, e esse absorve a fotografia, a computação", sintetiza a artista plástica Marcelle Dardenne,
27, que organiza a noite com o estudante de psicologia Gabriel Barbosa Lima, 22.
Atração "mainstream"
A "festa junina urbana", como
eles definem o evento semanal,
não se restringe ao palco principal, onde, além de apresentações
regionais, sempre há uma atração
"mainstream". No caso, o Trio
Mocotó, que funcionou para
"chamar o público".
Em um buraco ao lado da pista,
até então fechado ao público, há
shows experimentais, que mesclam jazz, dub, funk e reggae, como das bandas Pé na Cozinha e
DaGaroa Groove.
No mesmo espaço experimental, também ocorrem leituras de
poesias de cordel e exposição de
folhetos.
Há quem torça o nariz para tanta informação junta. "Eles interromperam o som para a leitura de
poesia de cordel. Não é que as
pessoas não quisessem ouvir, mas
poderiam ter mostrado isso em
outra hora", diz a estudante Marilia Arantes, 21.
Para o francês Nills Lindholm,
21, que faz intercâmbio no Brasil,
é ruim o público não ter um "alvo" para se concentrar. "Acho
que [as apresentações] devem ser
sincronizadas. Gosto de fazer
uma coisa de cada vez", reclama
Lindholm.
O projeto segue com novas atrações, todas as quintas-feiras, até o
fim de junho. Hoje, há shows das
bandas Caboclada, DaGaroa
Groove, ZédeBob e Batuntã, apresentação de literatura de cordel,
exposições de fotografia, grafite,
pintura e poesia, além de manipulação de imagens e projeções de
slides.
FOLCLORE URBANO. Onde: Urbano
Club (r. Cardeal Arcoverde, 614,
Pinheiros, região oeste de São Paulo, tel.
0/xx/11/3085-1001). Quando: hoje, à
meia-noite. Quanto: R$ 15 (mulher) e R$
20 (homem).
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