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TEATRO
Simbólica ou concretamente, espaços são lembrados em espetáculos que dialogam com a cena urbana de São Paulo
Peças evocam Copan e galeria Metrópole
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois importantes pedaços da
memória do centro de São Paulo
interagem simbólica e concretamente em espetáculos teatrais: a
galeria Metrópole, reduto da intelectualidade nos dourados e desbundados anos 60 e 70, respectivamente, e o imponente edifício
Copan, com seu misto de vida privada e comercial.
"Galeria Metrópole", que estréia hoje no teatro dos Arcos, é
uma comédia dramática, nas palavras do autor, Mário Viana, que
resgata aquele ponto de encontro
(sobretudo bares e cinema) que
ficava próximo à pça. Dom José
Gaspar, na av. São Luís.
Na peça, torna-se o espaço da
memória de Lúcio (Rubens de
Falco), um homossexual de 65
anos que passa a vida a limpo com
sua sobrinha Lúcia (Rosaly Papadopol), também lésbica, num domingo de Parada Gay.
Ela insiste em levá-lo ao evento.
Afonso resiste e é visitado por
"fantasmas" do passado, Nenzinho (por Fernando Neves) e Renato (Paulo Barcellos), o que resulta num retrato da vida gay paulistana nos anos 60. "Não é uma
peça de bandeira, militante, mas a
história de um sujeito que abriu
mão de muitas coisas em nome de
uma aprovação social e se deu
mal", diz Viana, 43.
"Galeria Metrópole" tem direção de Paulo Capovilla. É a terceira peça a integrar o "Painel de
Histórias Não-Oficiais de São
Paulo", iniciativa da cia. Casa da
Comédia, contemplada pela Lei
do Fomento. Antes, foram apresentadas "RG", de Evaldo Mocarzel, e "O Monstro de Pirataraca",
de Fábio Torres.
Já a recém-criada cia. Teatro da
Alvenaria representa a peça "Ensaio sobre a Liberdade", com dramaturgia de Rui Xavier, no foyer
do Copan, a partir de amanhã.
A Revolução Francesa (1789)
surge como pano de fundo para
discutir as contradições da liberdade no mundo atual. No espetáculo, o público (30 pessoas) percorre o espaço cênico com os atores. A idéia da diretora Luciana
Barone é estabelecer a interação
com a cena urbana do centro, daí
a opção pelo edifício e seu espaço
não-convencional.
"O Copan, como projeto de
convivência entre classes, como
palco do cotidiano de seus 5.000
moradores e como cartão-postal
de São Paulo, selou a aliança entre
a proposta espacial do Alvenaria e
a temática revolucionária do texto. O foyer, com seus corredores e
varandas, possibilita a interação
entre a cena e a cidade, que, com
seus ruídos sonoros e visuais, nos
remete constantemente à atualidade", diz Barone.
O texto, concebido em processo
colaborativo do grupo, cita passagens da história da Revolução
Francesa, desde sua ideologia
propulsora até o conseqüente período do terror. Segundo Xavier,
personagens da luta pela liberdade, como Marat, Danton e Robespierre, são retratados em constantes referências a conflitos atuais.
GALERIA METRÓPOLE. Direção: Paulo
Capovilla. Com: Rubens de Falco, Priscilla
Carvalho e outros. Onde: teatro dos
Arcos (r. Jandaia, 218, SP, tel. 0/xx/11/
3101-7802). Quando: estréia hoje, às
21h; de qui. a sáb., às 21h; dom., às 20h;
até 25/7. Quanto: R$ 10.
ENSAIO SOBRE A LIBERDADE.
Dramaturgia: Rui Xavier. Direção:
Luciana Barone. Com: cia. Teatro de
Alvenaria (Juliana Belmonte, Lilian Loto,
Luciana Caruso, Imyra Santana e outros).
Onde: edifício Copan - foyer (av.
Ipiranga, 200, bloco F, sobreloja, tel. 0/
xx/11/9622-1817). Quando: estréia
amanhã, às 21h; sex. e sáb., às 21h; dom.,
às 19h; até 12/9. Quanto: Quanto: R$ 15.
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