DA REPORTAGEM LOCAL

Nada mais apropriado do que lembrar, no Dia dos Namorados, dos milhões de casais homossexuais pelo mundo que ainda não têm direitos reconhecidos pela Justiça e cujo poder de consumo, em geral, é preterido pela publicidade e o comércio durante a data.
Pois é isso que o GNT fará neste domingo, às 20h, com a exibição do documentário "Trocando Alianças" (Tying the Knot), exibido, anteriormente, em duas partes -em dias diferentes- dentro da Semana da Diversidade Sexual da emissora.
Em foco, estão o drama de dois casais gays ao longo de três anos. Mickie luta na Justiça para conquistar o direito à pensão da policial Lois Marrero, sua companheira por 13 anos, morta num assalto a banco na pequena Tampa, Flórida. A pensão também é requerida pelas irmãs da policial.
Em Oklahoma, o fazendeiro Sam luta para manter a fazenda e os bens construídos ao longo de 25 anos de união após a morte de seu companheiro Earl, cujo direito de posse é questionado na Justiça por primos do morto.
Como uma típica produção norte-americana, o documentário não prescinde de música melodramática nas cenas de tribunal e de trilha de suspense para "demonizar" os senadores homofóbicos e passeatas antiunião homossexual, numa versão Michael Moore da causa gay.
Enriquece, no entanto, ao editar as falas de estudiosos e imagens de arquivo, artifício também usado com maestria pelo diretor de "Fahrenheit 11 de Setembro".
Entre imagens de paradas gays e uniões ao redor do mundo, o diretor Jim de Sève mostra que quase nada avançou entre o atual e ultraconservador governo de George W. Bush e o do seu antecessor Bill Clinton (1993-2000), que assinou, semanas após eleito, um documento reconhecendo como casamento apenas a união entre homem e mulher. Sinal de que a luta por direitos iguais de casais homossexuais é feita de avanços e recuos. (AMAURI ARRAIS)