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Moura revela imitar o "genial" Pedro Cardoso
Ator diz que no extinto seriado da Globo "Sexo Frágil" fez "imitação grotesca" do humorista de "A Grande Família"
Trabalho no filme "Cidade Baixa" provocou a revisão da amizade com Lázaro Ramos, que via até então como o "irmão mais novo"
DAS ENVIADAS AO RIO DE JANEIRO
Wagner Moura conta a seguir como se tornou galã e analisa o gênero telenovela, o papel
da TV e a iniciativa do governo
de determinar o horário de exibição dos programas .
(LM e SA)
FOLHA - No filme "Cidade Baixa"
[2005], em que o seu personagem e
o de Lázaro Ramos disputam violentamente a mesma mulher, vocês
chegaram a pôr a amizade à prova?
MOURA - [A preparadora de
elenco] Fátima [Toledo] tentou
fazer isso, mas não conseguiu.
Ela achava que, para haver o
conflito dos personagens, precisava desestabilizar nossa relação. Com exercícios, tentou
fazer com que nos odiássemos.
Foi cansativo, porque nos amamos. Mas ela conseguiu que
"Cidade Baixa" fosse uma grande revisão da nossa amizade.
Sempre tive Lázaro [27 anos]
como o irmão mais novo, quando ele é um homem de uma maturidade que não tenho. O maluco sou eu. Ele é centrado.
FOLHA - Como se conheceram?
MOURA - No teatro. Eu já trabalhava muito como ator. Fui ver
uma peça que ele fez com 16
anos. Fiquei impressionado.
Fui ao camarim e disse: "Quero
ser seu amigo".
FOLHA - O que ele respondeu?
FOLHA - "Porra, então vamos
ser amigos!" Aí ficamos amigos.
FOLHA - Que ator viu em cena e
pensou: "Quero ser assim"?
MOURA - Pedro Cardoso.
FOLHA- Mas Pedro Cardoso não faz
sempre o papel de Pedro Cardoso?
MOURA - Mas é genial. Ninguém faz Pedro Cardoso melhor que ele. Eu imito Pedro
Cardoso. Quando fazia [o seriado da Globo] "Sexo Frágil" meu
trabalho era uma imitação grotesca de Pedro Cardoso. Eu era
louco por "Sexo Frágil". Lamento até hoje ter acabado.
FOLHA - Concorda com a portaria do
governo que classifica programas de
TV por idade e horário de exibição?
MOURA - É legal dizer ao telespectador para que idade os programas são indicados. Mas querer obrigar uma empresa privada a mudar um horário é uma
espécie de censura. A TV não
tem que educar ninguém.
FOLHA - A "TV de autor", de programas como "Sexo Frágil", te atrai
mais do que a dos mocinhos e vilões
das novelas?
MOURA - É diferente. Os trabalhos de Guel são sempre inovadores. Mas ele só pôde fazê-los
porque a Globo tem as novelas.
FOLHA - Novela é mal necessário?
MOURA - Não. É que a novela
dá o sustento. Se a novela não
tivesse a audiência que tem,
Guel não poderia ter brincado
com as coisas com a liberdade
que teve. A novela é um gênero
que é um barato fazer -o folhetim. Se entrar na novela achando que vai fazer cinema, Fellini,
vai se foder. O barato é você servir ao gênero. É uma brincadeira boa danada. E as coisas que
fiz em novela são pilares da dramaturgia folhetinesca, o mocinho e vilão. Por isso não sei o
que mais eu vou fazer.
FOLHA - Não poderia fazer outro
mocinho e outro vilão?
MOURA - Não sei. Se forem interessantes, se me desafiarem.
FOLHA - Mesmo o mocinho de "A
Lua Me Disse" te desafiou?
MOURA - Foi maravilhoso.
Quem ia pensar que eu ia fazer
um mocinho da televisão?
FOLHA - Por que não?
MOURA - Nunca fui galã. Era
um cara da Bahia, um maluco.
"Você quer fazer um galã?" É
agora, na hora! Pô, demorou.
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