São Paulo, domingo, 10 de junho de 2007

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Moura revela imitar o "genial" Pedro Cardoso

Ator diz que no extinto seriado da Globo "Sexo Frágil" fez "imitação grotesca" do humorista de "A Grande Família"

Trabalho no filme "Cidade Baixa" provocou a revisão da amizade com Lázaro Ramos, que via até então como o "irmão mais novo"

DAS ENVIADAS AO RIO DE JANEIRO

Wagner Moura conta a seguir como se tornou galã e analisa o gênero telenovela, o papel da TV e a iniciativa do governo de determinar o horário de exibição dos programas . (LM e SA)  

FOLHA - No filme "Cidade Baixa" [2005], em que o seu personagem e o de Lázaro Ramos disputam violentamente a mesma mulher, vocês chegaram a pôr a amizade à prova?
MOURA
- [A preparadora de elenco] Fátima [Toledo] tentou fazer isso, mas não conseguiu. Ela achava que, para haver o conflito dos personagens, precisava desestabilizar nossa relação. Com exercícios, tentou fazer com que nos odiássemos. Foi cansativo, porque nos amamos. Mas ela conseguiu que "Cidade Baixa" fosse uma grande revisão da nossa amizade. Sempre tive Lázaro [27 anos] como o irmão mais novo, quando ele é um homem de uma maturidade que não tenho. O maluco sou eu. Ele é centrado.

FOLHA - Como se conheceram?
MOURA
- No teatro. Eu já trabalhava muito como ator. Fui ver uma peça que ele fez com 16 anos. Fiquei impressionado. Fui ao camarim e disse: "Quero ser seu amigo".

FOLHA - O que ele respondeu?
FOLHA
- "Porra, então vamos ser amigos!" Aí ficamos amigos.

FOLHA - Que ator viu em cena e pensou: "Quero ser assim"?
MOURA
- Pedro Cardoso.

FOLHA- Mas Pedro Cardoso não faz sempre o papel de Pedro Cardoso?
MOURA
- Mas é genial. Ninguém faz Pedro Cardoso melhor que ele. Eu imito Pedro Cardoso. Quando fazia [o seriado da Globo] "Sexo Frágil" meu trabalho era uma imitação grotesca de Pedro Cardoso. Eu era louco por "Sexo Frágil". Lamento até hoje ter acabado.

FOLHA - Concorda com a portaria do governo que classifica programas de TV por idade e horário de exibição?
MOURA
- É legal dizer ao telespectador para que idade os programas são indicados. Mas querer obrigar uma empresa privada a mudar um horário é uma espécie de censura. A TV não tem que educar ninguém.

FOLHA - A "TV de autor", de programas como "Sexo Frágil", te atrai mais do que a dos mocinhos e vilões das novelas?
MOURA
- É diferente. Os trabalhos de Guel são sempre inovadores. Mas ele só pôde fazê-los porque a Globo tem as novelas.

FOLHA - Novela é mal necessário?
MOURA
- Não. É que a novela dá o sustento. Se a novela não tivesse a audiência que tem, Guel não poderia ter brincado com as coisas com a liberdade que teve. A novela é um gênero que é um barato fazer -o folhetim. Se entrar na novela achando que vai fazer cinema, Fellini, vai se foder. O barato é você servir ao gênero. É uma brincadeira boa danada. E as coisas que fiz em novela são pilares da dramaturgia folhetinesca, o mocinho e vilão. Por isso não sei o que mais eu vou fazer.

FOLHA - Não poderia fazer outro mocinho e outro vilão?
MOURA
- Não sei. Se forem interessantes, se me desafiarem.

FOLHA - Mesmo o mocinho de "A Lua Me Disse" te desafiou?
MOURA
- Foi maravilhoso. Quem ia pensar que eu ia fazer um mocinho da televisão?

FOLHA - Por que não?
MOURA
- Nunca fui galã. Era um cara da Bahia, um maluco. "Você quer fazer um galã?" É agora, na hora! Pô, demorou.


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