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Série é ambientada na polícia paulista
Produção independente exibida pela Fox, "9 MM: São Paulo" mostra o cotidiano de policiais em divisão de homicídios
Roteiros dividem foco entre crimes e vida pessoal dos agentes; modelo é "Nova York contra o Crime", marco da TV dos EUA nos anos 90
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
São Paulo tem a partir de hoje sua versão de "Nova York
contra o Crime", série policial
que renovou o gênero na TV
americana em meados da década de 90 ao aliar um olhar detido sobre os dissabores profissionais e pessoais de policiais à
batida investigação criminal.
É "9 MM: São Paulo", primeira produção 100% nacional da
Fox, que acompanha a rotina
de quatro investigadores e um
delegado numa divisão de homicídios paulistana. Na equipe,
há desde um agente amargo
que flerta com a ilegalidade até
um neófito deslumbrado com a
adrenalina da profissão.
A Folha assistiu a 25 minutos do primeiro episódio. Na
história, o grupo apura as circunstâncias da morte de uma
ex-participante de reality show
de "quase famosos". O empresário dela se mostra suspeitosamente insensível ao anúncio
do óbito.
Em outra frente, corre a investigação sobre o suposto assassinato de uma mulher por
seu marido. Aliciamento de
menores e redes de prostituição mantidas por "bacanas"
trarão reviravoltas ao caso.
No trecho visto pela Folha,
chama a atenção o bom acabamento técnico e a apresentação
competente dos protagonistas,
sem prejuízo ao curso do enredo policial.
Há problemas pontuais de
escalação no elenco secundário
e certos excessos no esforço de
conferir gravidade a uma ou
outra cena. Mas vale ficar de
olho no desenvolvimento das
tramas pessoais do veterano
Horácio (Norival Rizzo) e de
Luisa (Clarissa Kiste), a "caxias" da equipe.
A primeira temporada de "9
MM" terá quatro episódios
(gravados em alta definição),
que serão mostrados também
nos mercados da Fox na América Latina. Outros nove capítulos estão em pré-produção. A
exibição da segunda leva está
prevista para o início de 2009.
No processo de desenvolvimento de roteiros para a série,
cerca de 40 policiais foram entrevistados, segundo o co-criador e produtor Roberto d'Avila.
O delegado da divisão de prevenção e educação do Denarc
(Departamento de Investigações sobre Narcóticos) Marçal
Honda, 43, foi um deles.
Ele conta ter falado sobre "o
lado técnico da coisa, mas também o humano, os conflitos internos". "Temos de passar a
imagem de anjos da guarda,
protetores. Porém, por trás da
armadura, há um ser humano
suscetível a sofrimentos."
Na entrevista que concedeu
à equipe de "9 MM" e na consultoria dada na elaboração dos
quatro primeiros roteiros, ele
diz que se preocupou com que
"o público não entendesse como padrão aquilo que foge à legalidade, como um policial
usuário de drogas ou que faz
justiça com as próprias mãos".
Vez por outra, quem faz justiça a seu modo na série é Horácio, que não vê problema em
"pegar um sujeito pelo colarinho", segundo D'Avila.
Seria a encarnação televisiva
do capitão Nascimento de
"Tropa de Elite"?
"Não, porque não faz isso de
modo contumaz. É muito mais
um lobo solitário, um cara que
tem seu próprio método", diz o
criador. "Há uma diferença clara entre "Tropa" e a série: o filme trata da potência, e nós, da
impotência, por falta de instrumentos de trabalho ou algum
outro fator."
Impotentes, os protagonistas não estarão imunes a pecadilhos. "Não há um maniqueísmo, um certo e errado tão bem definidos. Essa flexibilidade do
valor moral é inerente à nossa
sociedade e não deixa de estar
lá, por mais que o secretário de
segurança e o governador busquem uma oficialidade rígida",
conclui D'Avila.
9 MM: SÃO PAULO
Quando: estréia hoje, às 22h
Onde: na Fox
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