São Paulo, terça-feira, 10 de junho de 2008

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Série é ambientada na polícia paulista

Produção independente exibida pela Fox, "9 MM: São Paulo" mostra o cotidiano de policiais em divisão de homicídios

Roteiros dividem foco entre crimes e vida pessoal dos agentes; modelo é "Nova York contra o Crime", marco da TV dos EUA nos anos 90

LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL

São Paulo tem a partir de hoje sua versão de "Nova York contra o Crime", série policial que renovou o gênero na TV americana em meados da década de 90 ao aliar um olhar detido sobre os dissabores profissionais e pessoais de policiais à batida investigação criminal.
É "9 MM: São Paulo", primeira produção 100% nacional da Fox, que acompanha a rotina de quatro investigadores e um delegado numa divisão de homicídios paulistana. Na equipe, há desde um agente amargo que flerta com a ilegalidade até um neófito deslumbrado com a adrenalina da profissão.
A Folha assistiu a 25 minutos do primeiro episódio. Na história, o grupo apura as circunstâncias da morte de uma ex-participante de reality show de "quase famosos". O empresário dela se mostra suspeitosamente insensível ao anúncio do óbito.
Em outra frente, corre a investigação sobre o suposto assassinato de uma mulher por seu marido. Aliciamento de menores e redes de prostituição mantidas por "bacanas" trarão reviravoltas ao caso.
No trecho visto pela Folha, chama a atenção o bom acabamento técnico e a apresentação competente dos protagonistas, sem prejuízo ao curso do enredo policial.
Há problemas pontuais de escalação no elenco secundário e certos excessos no esforço de conferir gravidade a uma ou outra cena. Mas vale ficar de olho no desenvolvimento das tramas pessoais do veterano Horácio (Norival Rizzo) e de Luisa (Clarissa Kiste), a "caxias" da equipe.
A primeira temporada de "9 MM" terá quatro episódios (gravados em alta definição), que serão mostrados também nos mercados da Fox na América Latina. Outros nove capítulos estão em pré-produção. A exibição da segunda leva está prevista para o início de 2009.
No processo de desenvolvimento de roteiros para a série, cerca de 40 policiais foram entrevistados, segundo o co-criador e produtor Roberto d'Avila. O delegado da divisão de prevenção e educação do Denarc (Departamento de Investigações sobre Narcóticos) Marçal Honda, 43, foi um deles.
Ele conta ter falado sobre "o lado técnico da coisa, mas também o humano, os conflitos internos". "Temos de passar a imagem de anjos da guarda, protetores. Porém, por trás da armadura, há um ser humano suscetível a sofrimentos."
Na entrevista que concedeu à equipe de "9 MM" e na consultoria dada na elaboração dos quatro primeiros roteiros, ele diz que se preocupou com que "o público não entendesse como padrão aquilo que foge à legalidade, como um policial usuário de drogas ou que faz justiça com as próprias mãos".
Vez por outra, quem faz justiça a seu modo na série é Horácio, que não vê problema em "pegar um sujeito pelo colarinho", segundo D'Avila. Seria a encarnação televisiva do capitão Nascimento de "Tropa de Elite"?
"Não, porque não faz isso de modo contumaz. É muito mais um lobo solitário, um cara que tem seu próprio método", diz o criador. "Há uma diferença clara entre "Tropa" e a série: o filme trata da potência, e nós, da impotência, por falta de instrumentos de trabalho ou algum outro fator."
Impotentes, os protagonistas não estarão imunes a pecadilhos. "Não há um maniqueísmo, um certo e errado tão bem definidos. Essa flexibilidade do valor moral é inerente à nossa sociedade e não deixa de estar lá, por mais que o secretário de segurança e o governador busquem uma oficialidade rígida", conclui D'Avila.


9 MM: SÃO PAULO
Quando: estréia hoje, às 22h
Onde: na Fox


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