São Paulo, quarta-feira, 10 de junho de 2009

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Crítica/"Drês"

Nando Reis faz diário amoroso em novo CD

DA REPORTAGEM LOCAL

"Drês", o novo trabalho de Nando Reis, 46, funciona quase como um diário. Suas 12 músicas foram escritas em pouco mais de seis meses, durante o último namoro do cantor. E o álbum descreve, tanto quanto possível, seu começo, seu meio e seu fim.
O disco foi gravado no Rio de Janeiro, longe da casa do artista. Com a distância ele queria aprofundar o mergulho nas sombras de sua música. "Gravar não é uma experiência puramente de prazer. É de dor, também", diz. "Preciso que meu telescópio pesque a mais remota onda perdida em minha própria escuridão emocional."
"A Letra A" (2003) e "Sim e Não" (2006), os antecessores, já retratavam relações amorosas de Nando com outras musas. Segundo ele, estar apaixonado favorece sua vontade de trabalhar. "Nenhuma música que compus é suficientemente objetiva a ponto me deixar esquecer que, no fundo, ela está falando de um vendaval meu", avalia.
"Gosto das músicas que denotam relações conflituosas seja consigo, com o mundo, com um pensamento, com uma ordem. Essas sobrevivem mais à passagem do tempo." E o leque de conflitos se abre em "Drês". Surgem temas dedicados a sua mãe, que morreu há 20 anos, e à filha mais velha, Sophia, nascida há 20. Vertidas em música, as duas relações familiares se complementam. E escancaram a intimidade e as inseguranças do autor de forma avassaladora.
Apesar disso, Nando não gosta de assumir esse caráter biográfico como parte relevante de sua obra. "Tenho medo de dar a sensação que o interesse que minha vida desperta em mim mereça a projeção que meu trabalho procura", diz.
"Qualquer expressão artística revela a mão do autor e, no fundo, fala dele. A minha me expõe um pouco mais porque preciso sempre me colocar pra fora para conseguir olhar pra dentro."
"Drês" se mantém apoiado musicalmente na banda Os Infernais, que acompanha Nando desde 2002. Ainda que um pouco mais pesado para o lado do rock, o álbum soa, em boa parte do tempo, um tanto parecido com seus últimos trabalhos.
Mas o cantor se diz preocupado em manter sob controle esses limites entre o que é estilo e o que é simples repetição de uma fórmula. "Isso é uma armadilha. Ao mesmo tempo em que conheço minha força como compositor, sei das minhas limitações", diz. "Por isso, tomo o cuidado de, ao criar os arranjos, buscar na música algo diferente do que já tenha feito antes." (MARCUS PRETO)


DRÊS

Artista: Nando Reis
Lançamento: Universal
Quanto: R$ 28
Avaliação: bom




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