Músico carioca compõe 8 das 13 faixas do álbum e grava "Subúrbio", de Chico

DA SUCURSAL DO RIO

O primeiro CD de Moyseis Marques, lançado em 2007, já o credenciava ao posto de melhor intérprete masculino da Lapa carioca. Em "Fases do Coração", ele dá um passo maior para ser reconhecido também como compositor: 8 das 13 faixas são de sua autoria ou coautoria -no disco anterior eram cinco.
"Eu sempre fui compositor, mas, quando comecei a cantar samba na Lapa, conheci uma poesia mais rebuscada, aquele povo tocando um [violão] sete cordas maravilhoso, e resolvi ficar só com o microfone na mão. Depois, fui desenvolvendo parcerias, e hoje estou com mais músicas e mais diversificadas", conta Moyseis, 30.
Os sambas de amor, sejam mais lentos ou mais suingados, predominam no repertório, o que levou o artista a escolher como título do CD o de sua música com Edu Krieger. Ele também selecionou canções inéditas ou quase inéditas -caso de "Sonho e Saudade", de Dona Ivone Lara e Delcio Carvalho, que só tem uma obscura gravação ao vivo de Jair Rodrigues- de outros autores, e abriu duas exceções no conjunto de novidades.
Uma é "Oitava Cor", letra de seu mestre Luiz Carlos da Vila, que morreu no ano passado. A outra é "Subúrbio", que Chico Buarque compôs em 2006. "Na época, me falavam de outras músicas do disco ["Carioca"] e diziam que o Chico estava fora de forma. Quando eu ouvi "Subúrbio", fiquei pensando: "Se o Chico está fora de forma, vou parar de escrever'", relembra ele, que criou, com o diretor musical Paulão 7 Cordas, uma versão um pouco mais acelerada da canção.
Assim como faz nos shows, Moyseis colou em "Subúrbio" a sua "Cartas do Metrô", resultado da vivência nos bairros suburbanos do Rio. "O Chico entende de escrever, mas quem entende de subúrbio sou eu", brinca ele, que não se sente preso ao rótulo "cantor de samba da Lapa". "Mas a Lapa cresceu e eu cresci junto com ela. Por que vou renegar isso?", diz. (LFV)