São Paulo, quarta-feira, 10 de junho de 2009

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MÚSICA

Placebo retorna com disco menos dark e mais pop

Desprezada no Reino Unido e elogiada em países como França, a banda inglesa lança "Battle for the Sun", sexto CD

Em entrevista, o vocalista Brian Molko mostra-se desconfiado, mas fala sobre as emoções presentes no novo álbum do grupo


THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Brian Molko é desconfiado de entrevistas. Joga na defensiva, destila ironias. A causa disso talvez sejam as brincadeiras que lê constantemente a seu respeito na imprensa britânica. Seja pelo visual andrógino, seja pela calvície ininterrupta, o vocalista do Placebo é um dos alvos prediletos dos tabloides.
Ao ser questionado se o novo disco do Placebo, "Battle for the Sun", pode ser considerado uma continuação de "Meds", o anterior, Molko é seco: "Não sei. Eu faço a música. Você escreve. Me diga você".
Algumas críticas sobre o disco novo afirmam que Placebo tornou-se mais dark, pesado, com o passar dos anos, mas que "Battle for the Sun" é uma volta ao pop. Concorda, Molko? "Pop? O que é pop?"
Parece que esta entrevista não vai muito longe.
Mas, de repente, Brian Molko parece relaxar. E começa a falar sobre o álbum recém-lançado, inclusive no Brasil.
"Emocionalmente [o disco novo] é menos pesado. "Meds" realmente era muito dark, e sabíamos disso. Sabíamos que o álbum não oferecia muita esperança. "Meds" foi um disco muito difícil. Mas em termos musicais, este é tão pesado quanto aquele. O novo contém mais esperança do que dor. É mais épico, talvez, mais colorido. Espero que seja mais acessível também."

Exageros
Nascido em Londres em meados dos anos 1990, o Placebo diferenciava-se do pop alegre do britpop ao criar canções que emprestavam sem pudor os exageros e os paetês do glam rock (David Bowie, T. Rex...).
Com seu visual andrógino, Molko praticamente personificava os personagens que apareciam em canções como "Nancy Boy" (trecho da letra: "Woman man or modern monkey/ Just another happy junkie"; mulher homem ou macaco moderno/ Apenas outro viciado alegre).
Com os primeiros discos, "Placebo" (1996) e "Without You I'm Nothing" (1998), a banda tornou-se grande no Reino Unido, frequentando escalações de grandes festivais. Após "Black Market Music", o trio enveredou-se por uma temática mais soturna. Se a imprensa britânica não perdoou a mudança, em países como Alemanha e França a banda alcançou grande popularidade.
"Não estamos preocupados sobre em quais gêneros vão nos colocar", afirma Molko. "Tentamos deixar a música pura."
"Battle for the Sun" é o sexto disco do Placebo. Agora, a banda traz canções orquestradas, com arranjos de cordas. Molko explica o motivo: "Não queríamos nos repetir. Temos uma atitude bem arriscada no processo de gravação. Queremos é esticar os limites da nossa música e da nossa identidade".
Sobre uma nova visita ao Brasil, o vocalista diz que espera vir até o final do ano.


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