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MÚSICA
Placebo retorna com disco menos dark e mais pop
Desprezada no Reino Unido e elogiada em países como França, a banda inglesa lança "Battle for the Sun", sexto CD
Em entrevista, o vocalista Brian Molko mostra-se desconfiado, mas fala
sobre as emoções presentes no novo álbum do grupo
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Brian Molko é desconfiado
de entrevistas. Joga na defensiva, destila ironias. A causa disso
talvez sejam as brincadeiras
que lê constantemente a seu
respeito na imprensa britânica.
Seja pelo visual andrógino, seja
pela calvície ininterrupta, o vocalista do Placebo é um dos alvos prediletos dos tabloides.
Ao ser questionado se o novo
disco do Placebo, "Battle for
the Sun", pode ser considerado
uma continuação de "Meds", o
anterior, Molko é seco: "Não
sei. Eu faço a música. Você escreve. Me diga você".
Algumas críticas sobre o disco novo afirmam que Placebo
tornou-se mais dark, pesado,
com o passar dos anos, mas que
"Battle for the Sun" é uma volta
ao pop. Concorda, Molko?
"Pop? O que é pop?"
Parece que esta entrevista
não vai muito longe.
Mas, de repente, Brian Molko parece relaxar. E começa a
falar sobre o álbum recém-lançado, inclusive no Brasil.
"Emocionalmente [o disco
novo] é menos pesado. "Meds"
realmente era muito dark, e sabíamos disso. Sabíamos que o
álbum não oferecia muita esperança. "Meds" foi um disco muito difícil. Mas em termos musicais, este é tão pesado quanto
aquele. O novo contém mais esperança do que dor. É mais épico, talvez, mais colorido. Espero que seja mais acessível também."
Exageros
Nascido em Londres em
meados dos anos 1990, o Placebo diferenciava-se do pop alegre do britpop ao criar canções
que emprestavam sem pudor
os exageros e os paetês do glam
rock (David Bowie, T. Rex...).
Com seu visual andrógino,
Molko praticamente personificava os personagens que apareciam em canções como "Nancy
Boy" (trecho da letra: "Woman
man or modern monkey/ Just
another happy junkie"; mulher
homem ou macaco moderno/
Apenas outro viciado alegre).
Com os primeiros discos,
"Placebo" (1996) e "Without
You I'm Nothing" (1998), a
banda tornou-se grande no
Reino Unido, frequentando escalações de grandes festivais.
Após "Black Market Music", o
trio enveredou-se por uma temática mais soturna. Se a imprensa britânica não perdoou a
mudança, em países como Alemanha e França a banda alcançou grande popularidade.
"Não estamos preocupados
sobre em quais gêneros vão nos
colocar", afirma Molko. "Tentamos deixar a música pura."
"Battle for the Sun" é o sexto
disco do Placebo. Agora, a banda traz canções orquestradas,
com arranjos de cordas. Molko
explica o motivo: "Não queríamos nos repetir. Temos uma
atitude bem arriscada no processo de gravação. Queremos é
esticar os limites da nossa música e da nossa identidade".
Sobre uma nova visita ao
Brasil, o vocalista diz que espera vir até o final do ano.
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