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Acanhada e charmosa, cantora une humor e insegurança em show intimista
RONALDO EVANGELISTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LONDRES
Menos de dois meses
atrás, Lily Allen nunca tinha se apresentado em público. Já no último
dia 25 de junho, fez o sétimo
show de sua vida, em um festival para 30 mil pessoas.
Quem acompanha seu diário
no MySpace pode ficar sabendo
também de shows-surpresa
que ela tem feito em lugares pequenos por Londres, como na
pequena e respeitada Sister
Ray, onde cantou no último dia
3, data do lançamento de seu
primeiro single oficial, "Smile".
Baixinha, de lápis verde no
olho, vestido vermelho largo na
cintura e faixa vermelha na cabeça, com enorme colar, brinco, pulseira e anel dourados,
Lily chegou à loja com cara séria, sem olhar para os curiosos
que já esperavam por ali -muitos deles meninas jovens, não
muito diferentes dela.
Quando o DJ solta a base de
"LDN", primeira música do
show, ela se atrapalha com a letra. Ri, olha tímida para o DJ e
para o público, continua cantando. No fim da música, ri
mais, com mais timidez, e agradece. Por todas as músicas -inclusive no divertido quase-rap
"Knock "Em Out"- ela continua assim, quase sem se mexer,
rindo a toda hora, olhando para
o chão, para o teto e para os lados, sem encarar diretamente
nenhuma das cerca de 150 pessoas que estão por ali.
Ainda assim, mesmo com sua
timidez, algo na sua postura é
charmoso. Talvez um certo jeito de popstar da vida real, talvez a maneira com que ela canta insegura suas letras -simples e com um senso de humor
inteligente- sobre passear em
Londres, terminar com o namorado, xavecos de balada, o irmão maconheiro.
Antes dos shows oficiais, já
que seu disco ainda nem foi
lançado, ela parece cansada.
Mas, mais importante que tudo, parece capaz de criar suas
próprias regras, na música e fora dela. É a história da música
pop sendo escrita ao mesmo
tempo em que acontece.
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