São Paulo, segunda-feira, 10 de julho de 2006

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Acanhada e charmosa, cantora une humor e insegurança em show intimista

RONALDO EVANGELISTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LONDRES

Menos de dois meses atrás, Lily Allen nunca tinha se apresentado em público. Já no último dia 25 de junho, fez o sétimo show de sua vida, em um festival para 30 mil pessoas.
Quem acompanha seu diário no MySpace pode ficar sabendo também de shows-surpresa que ela tem feito em lugares pequenos por Londres, como na pequena e respeitada Sister Ray, onde cantou no último dia 3, data do lançamento de seu primeiro single oficial, "Smile".
Baixinha, de lápis verde no olho, vestido vermelho largo na cintura e faixa vermelha na cabeça, com enorme colar, brinco, pulseira e anel dourados, Lily chegou à loja com cara séria, sem olhar para os curiosos que já esperavam por ali -muitos deles meninas jovens, não muito diferentes dela.
Quando o DJ solta a base de "LDN", primeira música do show, ela se atrapalha com a letra. Ri, olha tímida para o DJ e para o público, continua cantando. No fim da música, ri mais, com mais timidez, e agradece. Por todas as músicas -inclusive no divertido quase-rap "Knock "Em Out"- ela continua assim, quase sem se mexer, rindo a toda hora, olhando para o chão, para o teto e para os lados, sem encarar diretamente nenhuma das cerca de 150 pessoas que estão por ali.
Ainda assim, mesmo com sua timidez, algo na sua postura é charmoso. Talvez um certo jeito de popstar da vida real, talvez a maneira com que ela canta insegura suas letras -simples e com um senso de humor inteligente- sobre passear em Londres, terminar com o namorado, xavecos de balada, o irmão maconheiro.
Antes dos shows oficiais, já que seu disco ainda nem foi lançado, ela parece cansada. Mas, mais importante que tudo, parece capaz de criar suas próprias regras, na música e fora dela. É a história da música pop sendo escrita ao mesmo tempo em que acontece.


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