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Abujamra interpreta serviçal
da Reportagem Local
O ator e diretor Antônio Abujamra, que faz um "serviçal" na
peça, como sublinha, diz que precisou "se lavar" da postura de diretor para interpretar o personagem como a diretora queria. E
afirma que se diverte muito no papel.
(NS)
Folha - Qual é o seu personagem?
Antônio Abujamra - É o administrador da fazenda, Chamráiev.
Não há quem esteja na profissão
que não queira fazer um Tchecov.
É um autor que preenche esse vácuo atormentado que tem na nossa cabeça. E ele é um autor que sabe como poucos dar esperança para as pessoas, porque, antes de ser
um grande dramaturgo, ele é médico. Ele não pode chegar para o
doente e dizer: "Você está em estado terminal". Ele sempre arma
possibilidades.
Folha - Como você construiu o
Chamráiev?
Abujamra - Eu tive que me lavar de toda uma postura de diretor, para, como ator, entender a
leitura da Daniela. E a leitura dela
me encaminhou para momentos
em que eu me divirto muito. Aliás,
eu só faço teatro como ator porque
me divirto muito. Eu sou um mujique, meu papel é o menor da peça.
Eu entro, fico dois atos sem entrar,
mas estar perto da Fernanda é curioso. Estar perto de uma atriz que
consegue dar a evidência e não a
surpresa da interpretação é maravilhoso.
Folha - A peça espelha "Hamlet".
Quando ouvi que você estava no
elenco, pensei: "Ele vai fazer um
Polônio".
Abujamra - Ah, que maravilha.
O prazer de serviçal do Polônio. A
diferença entre o Polônio e o
Chamráiev é que o Polônio tem
um prazer enorme de servir. O
prazer de estar no poder, sempre
servindo. O Chamráiev é mais
"sou empregado, mas não me encha o saco". Mas a visão da Arkádina é apaixonante para ele. Com
ela, ele quer ser um serviçal, mas
ela não deixa.
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