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ACONTECE NO RIO
Museu espera 150 mil para ver Botero
ANNA LEE
da Sucursal do Rio
O MNBA (Museu Nacional de
Belas-Artes) espera que os objetos,
frutas e animais volumosos e os
seres rechonchudos e sem atitude
que povoam as 81 obras do artista
colombiano Fernando Botero
-expostas no museu, no centro
do Rio, de hoje a 13 de setembro-
não apenas atraiam um público
aproximado de 150 mil pessoas.
Espera também que a mostra de
Botero dê continuidade ao projeto
de divulgação do acervo do próprio museu.
Desde 1995, quando promoveu a
exposição do escultor francês Auguste Rodin, o MNBA tem, segundo sua diretora, Heloisa Lustosa,
aproveitado as mostras internacionais para exibir paralelamente
as obras de sua propriedade.
"As exposições de artistas estrangeiros têm atraído um grande
número de pessoas, muitas delas
não frequentadoras assíduas do
museu. É uma oportunidade para
que conheçam nosso acervo e,
quem sabe, passem a vir aqui sem
que haja um evento especial", disse Heloisa Lustosa.
Assim, na galeria Século 19, onde acontece a mostra de Botero,
também serão exibidas 30 obras de
artistas do modernismo brasileiro,
como Cândido Portinari, Di Cavalcanti e Alfredo Volpi.
"Procuramos exibir trabalhos
brasileiros que de alguma forma
tenham relação com o que está
sendo mostrado na exposição internacional", disse Lustosa.
"Não temos nada no Brasil que
possa ser comparado a Botero. Assim, escolhemos artistas que, como ele, marcaram a história da arte brasileira, por terem deixado de
ser regionais para se tornarem
universais."
Botero
De fato, faz tempo -desde 1962,
quando realizou sua primeira exposição em Nova York e teve a tela
"Mona Lisa aos 12 Anos" comprada pelo Museu de Arte Moderna local- que Botero tornou-se
reconhecível em todo o mundo,
graças a sua iconografia específica, trabalhada à exaustão.
Exaustão necessária para chegar
à perfeição, como já declarou o artista: "No fundo, os grandes pintores da história não tratam de
mudar, mas de aprofundar... Querem ser mais radicais com uma
idéia".
Um radical, Botero é. Sua obsessão pelas formas volumosas ele explica como o desejo de criar grandes campos de cor.
"Essa dilatação encerra um desejo de expressar-me por meio da
cor de forma contundente", costuma dizer.
A cor, que é, segundo ele, "fundamental porque ilumina a pintura".
Sua coleção de personagens aparentemente despidos de alma é o
meio que encontrou para ultrapassar o real e atingir o universal.
"Eu sempre tento dar a impressão de olhares ausentes. É por essa
máscara, por essa ausência de
qualquer sentimento que meus
personagens tocam o universal,
ultrapassam o real. A única coisa
importante é que a dez metros de
distância se é capaz de dizer de um
de meus quadros que é um "Botero'", disse o artista à Folha, em
março, quando foi inaugurada sua
exposição no Masp, a mesma que
chega hoje ao Rio.
Nascido na cidade colombiana
de Medellín, em 1932, Botero teve
como primeira fonte de inspiração
os muralistas mexicanos e a arte
pré-colombiana.
Em 1953, ingressou na Academia
di San Marco, em Florença, onde
estudou a técnica do afresco e
também assimilou a arte do renascimento.
Foi influenciado pelas obras dos
mestres italianos, como Giotto,
Paolo Uccello e Piero della Francesca, com as quais teve contato
direto, quando se transferiu para
Europa.
Mas é principalmente o olhar
para o universo latino, representado pelo humor, pela família, pelo
erotismo, pelo mistério e pelo uso
constante do azul, amarelo e vermelho -as cores da bandeira colombiana-, que marca a obra de
Botero e o torna inconfundível.
Exposições: Fernando Botero e
Modernismo no Brasil
Onde: Museu Nacional de Belas-Artes,
galeria Século 19 (av. Rio Branco, 199,
Cinelândia, tel. 021/240-0068)
Quando: de terça a sexta-feira, das 10h às
18h; sábados e domingos, das 14h às 18h;
até 13 de setembro
Quanto: de R$ 1 a R$ 8; aos domingos, a
entrada é gratuita
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