São Paulo, sexta-feira, 10 de agosto de 2007

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Crítica/"Escorregando para a Glória"

Piadas de Will Ferrell e Jon Heder não seguram humor pré-fabricado

PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA

Está na moda, em Hollywood, um certo cinema "de zoação" -comédias que escolhem um alvo e destilam sobre ele um ácido corrosivo, não deixando pedra sobre pedra. Assim como "Zoolander" (2001), de e com Ben Stiller, zoava dos modelos e do universo da moda, "Escorregando para a Glória" (que tem o mesmo Stiller como produtor) zoa da patinação no gelo e seus devotos esportistas.
É impossível não rir com Will Ferrell vestido com a habitual extravagância kitsch dos patinadores -assim como seu rival e futuro parceiro a fórceps, vivido pelo jovem Jon Heder (do sucesso "indie" "Napoleon Dynamite", lançado exclusivamente em DVD no Brasil). Mas o talento dos atores e a graça de algumas situações absurdas não chegam a fazer de "Escorregando para a Glória" uma boa comédia.
O resultado está muito próximo de uma produção industrial de piadas que impede uma costura melhor para gargalhadas isoladas aqui e ali. O roteiro é preguiçoso e não demonstra nenhum esforço para resolver a frouxidão das situações que movem a história adiante. A direção, de Josh Gordon e Will Speck, não garante ao filme um ritmo uniforme, detalhe fundamental a uma comédia.
Se a idéia era apenas criar um pretexto para Ferrell e Heder desfilarem seus talentos humorísticos, esse talento se mostra limitado. No caso de um filme como esse, o ator não é a matéria-prima exclusiva da graça, e a comicidade de ambos, em alguns momentos, acaba tendo o efeito contrário. Sozinhos, apesar do grande esforço, Ferrell e Heder não conseguem dar alguma alma e derreter o gelo da comédia pré-fabricada.


ESCORREGANDO PARA A GLÓRIA
Produção:
EUA, 2007
Direção: Josh Gordon e Will Speck
Com: Will Ferrell, Jon Heder e Will Arnett
Quando: em cartaz nos cines Villa-Lobos, Jardim Sul e circuito
Avaliação: regular


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