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RELÂMPAGOS
Expansão
JOÃO GILBERTO NOLL
Tirou a atadura para olhar
o corte. Viu os pontos pela
primeira vez. Tinha de resolver sozinho o jeito de continuar ferido. Não adiantava
vir o enfermeiro ou quem
quer que fosse. Todo o resto
dependia só dele. Precisava
forçar um limite, urgia agora
saber qual. Tentou sentar na
cama, nada lhe doía. Conseguiu. Pendurou as pernas, balançou-as feito criança satisfeita. Tateou os lábios da cicatriz. Anoitecia. Era a sua única oportunidade. O momento
em que todos se afastavam,
deixando o quarto na penumbra e uma ânsia de desbravar certos confins que
seus passos agora confirmavam. Caminhou indiferente à
dor. Surpreendeu a chama ao
pé da imagem. Foi ali e a apagou. Ouviu um gemido. Mais
outro. Acariciou o talho, aí
avançou -bolinou o escuro.
E gozou.
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