São Paulo, sábado, 10 de setembro de 2005

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Filão tem dicas, memórias e ficção

DA REPORTAGEM LOCAL

Para Roberto Feith, o filão é mais embaixo. Ou em cima. O editor da Objetiva, que publica "A Entrega", considera que o livro de Toni Bentley se alinha, como já propalou a imprensa estrangeira, à tradição das memórias eróticas de Anais Nïn, Henry Miller e Sade. Feith considera o livro "único", não prevê lançamentos parecidos pela Objetiva e ressalta que o gênero não foi o motivo da publicação.
"O que me convenceu foi a inteligência, o humor e, acima de tudo, a impressionante coragem de Toni Bentley. Ela já escreveu outros livros, recebeu prêmios, mas este é de uma honestidade irredutível e comovente", salienta.
"E, embora curto, é também bastante ambicioso. A Toni tenta uma coisa muito difícil: mostrar o caminho que percorreu para alcançar o sublime, através do profano. Ela encara uma espécie de corda bamba narrativa, e chega ao final, incólume e vitoriosa".
A editora Alessandra Blocker, da Jaboticaba, vê, sim, um rentável nicho para o mercado editorial nos livros eróticos. Tanto que vem investindo no gênero: em 2003, lançou "Dicas de Sexo para Mulheres por um Homem Gay", acaba de colocar no mercado "Fricção - Confissões Eróticas de uma Loura", e em outubro ataca de "Os Dez Mandamentos para a Felicidade Sexual da Mulher", de uma escritora brasileira, que assina com o pseudônimo de Aretusa Von.
"É um filão com certeza. E que pega tanto o público masculino quanto o feminino", diz Blocker, ressaltando que livros como "Catherine M", ou ainda "Hell", de Lolita Pille, têm atraído pelo seu "quê" literário.
"Não é aquela pura sacanagem, aquela velha história do bombeiro que bate na sua porta. Pega-se o erotismo e transforma em algo divertido".
A editora Planeta também está de olhos bem abertos para a tendência. Ainda neste mês lança mais três volumes de um total de oito livros escritos pela argentina Alicia Gallotti, aquela das dicas do Kama Sutra não só para o homem e a mulher, mas também para gays e lésbicas, e outro somente sobre sexo oral, que está por vir.
A autora chega no dia 15 a São Paulo para lançar, no Clube das Meninas (Clube Chocolate), e na Fnac (dia 16, com mediação de Penélope Nova), os livros "Kama Sutra e Outras Técnicas Orientais", "Prazer Sem Limites" e "Guia Sexual para Adolescentes". Segundo Pascoal Soto, diretor editorial da Planeta, Gallotti é a autora de livros do tipo manual mais vendida da América Latina. No Brasil, ela já vendeu 30 mil exemplares.
"Há um grande apelo nos meios de comunicação e também o apelo do culto ao corpo. As pessoas estão tendo que lidar obrigatoriamente de uma maneira mais despudorada com o sexo", analisa Soto, que ainda neste mês coloca no mercado os confessionais "A Cama Redonda" e "Mentiras e Confissões".
"Os livros de dicas de prática ou confissões de fantasias são os dois nichos mais importantes deste grande tema".
A Bertrand Brasil, que acaba de publicar "Casório?!", de Marian Keys, autora de "Melancia" e "Sushi", dois exemplos de literatura mais "mulherzinha", também carregou nas tintas e lançou em junho "Marsha Mellow e Eu", uma mistura de ficção e memórias sexuais.
"Esta foi uma das nossas grandes apostas para este ano. Um livro picante e muito divertido. Arriscamos uma tiragem grande e o retorno está sendo excelente. Já vendemos quase 10 mil exemplares. É sexo, drogas e rock'n roll -mas sem drogas e rock'n roll", brinca Rafael Goldkorn, editor da Bertrand. (ES)


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