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Filão tem dicas, memórias e ficção
DA REPORTAGEM LOCAL
Para Roberto Feith, o filão é
mais embaixo. Ou em cima. O
editor da Objetiva, que publica "A
Entrega", considera que o livro de
Toni Bentley se alinha, como já
propalou a imprensa estrangeira,
à tradição das memórias eróticas
de Anais Nïn, Henry Miller e Sade. Feith considera o livro "único", não prevê lançamentos parecidos pela Objetiva e ressalta que
o gênero não foi o motivo da publicação.
"O que me convenceu foi a inteligência, o humor e, acima de tudo, a impressionante coragem de
Toni Bentley. Ela já escreveu outros livros, recebeu prêmios, mas
este é de uma honestidade irredutível e comovente", salienta.
"E, embora curto, é também
bastante ambicioso. A Toni tenta
uma coisa muito difícil: mostrar o
caminho que percorreu para alcançar o sublime, através do profano. Ela encara uma espécie de
corda bamba narrativa, e chega ao
final, incólume e vitoriosa".
A editora Alessandra Blocker,
da Jaboticaba, vê, sim, um rentável nicho para o mercado editorial
nos livros eróticos. Tanto que
vem investindo no gênero: em
2003, lançou "Dicas de Sexo para
Mulheres por um Homem Gay",
acaba de colocar no mercado
"Fricção - Confissões Eróticas
de uma Loura", e em outubro ataca de "Os Dez Mandamentos para
a Felicidade Sexual da Mulher",
de uma escritora brasileira, que
assina com o pseudônimo de Aretusa Von.
"É um filão com certeza. E que
pega tanto o público masculino
quanto o feminino", diz Blocker,
ressaltando que livros como "Catherine M", ou ainda "Hell", de
Lolita Pille, têm atraído pelo seu
"quê" literário.
"Não é aquela pura sacanagem,
aquela velha história do bombeiro que bate na sua porta. Pega-se
o erotismo e transforma em algo
divertido".
A editora Planeta também está
de olhos bem abertos para a tendência. Ainda neste mês lança
mais três volumes de um total de
oito livros escritos pela argentina
Alicia Gallotti, aquela das dicas do
Kama Sutra não só para o homem
e a mulher, mas também para
gays e lésbicas, e outro somente
sobre sexo oral, que está por vir.
A autora chega no dia 15 a São
Paulo para lançar, no Clube das
Meninas (Clube Chocolate), e na
Fnac (dia 16, com mediação de
Penélope Nova), os livros "Kama
Sutra e Outras Técnicas Orientais", "Prazer Sem Limites" e
"Guia Sexual para Adolescentes".
Segundo Pascoal Soto, diretor
editorial da Planeta, Gallotti é a
autora de livros do tipo manual
mais vendida da América Latina.
No Brasil, ela já vendeu 30 mil
exemplares.
"Há um grande apelo nos meios
de comunicação e também o apelo do culto ao corpo. As pessoas
estão tendo que lidar obrigatoriamente de uma maneira mais despudorada com o sexo", analisa
Soto, que ainda neste mês coloca
no mercado os confessionais "A
Cama Redonda" e "Mentiras e
Confissões".
"Os livros de dicas de prática ou
confissões de fantasias são os dois
nichos mais importantes deste
grande tema".
A Bertrand Brasil, que acaba de
publicar "Casório?!", de Marian
Keys, autora de "Melancia" e
"Sushi", dois exemplos de literatura mais "mulherzinha", também carregou nas tintas e lançou
em junho "Marsha Mellow e Eu",
uma mistura de ficção e memórias sexuais.
"Esta foi uma das nossas grandes apostas para este ano. Um livro picante e muito divertido. Arriscamos uma tiragem grande e o
retorno está sendo excelente. Já
vendemos quase 10 mil exemplares. É sexo, drogas e rock'n roll
-mas sem drogas e rock'n roll",
brinca Rafael Goldkorn, editor da
Bertrand.
(ES)
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