São Paulo, segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Restaurado, "A Idade da Terra" retorna quase desapercebido após 27 anos

CRÍTICO DA FOLHA, EM VENEZA

Ironia das ironias: "A Idade da Terra", que causou tanto barulho quando foi exibido em Veneza em 1980, passou quase silenciosamente no festival deste ano. A projeção da bela cópia restaurada do derradeiro filme de Glauber Rocha, em formato digital, foi reservada para o encerramento do evento. Pouca gente assistiu ao filme, prejudicado pelo clima de fim da festa e pela atenção voltada para a premiação.
Uma pena, porque "A Idade da Terra" merecia uma revisão que não teve. Vinte e sete anos depois, permanece uma obra provocadora, uma revolução estética ainda não absorvida, que necessita de ampla reflexão. "A Idade da Terra" não pode nem deve ser taxado de filme incompreensível, símbolo da fase mais delirante e louca do cineasta. O que se vê na tela é muito maior que isso. Nesse sentido, foi fundamental que essa nova projeção viesse acompanhada de "Anabazys", documentário de Joel Pizzini e Paloma Rocha, exibido no sábado, que consegue ser esclarecedor sem ser didático, dialogando com o filme e tornando-o mais compreensível sem recorrer a simplificações.
As cópias restauradas, aliás, foram um dos pontos fortes deste festival de Veneza. Além de "A Idade da Terra", foram exibidos cinco filmes de Budd Boetticher, craque pouco reconhecido do faroeste americano, e "The Iron Horse", primeiro western de John Ford, obra-prima do cinema mudo realizada em 1929 e que, em breve, será lançada em DVD. (PB)


Texto Anterior: Os vencedores
Próximo Texto: Réplica: No filme "Cidade dos Homens", o fator humano cabe dentro das favelas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.