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Réplica
No filme "Cidade dos Homens", o fator humano cabe dentro das favelas
PAULO MORELLI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Na crítica "Filme tropeça ao enfocar paternidade", de Cássio Starling Carlos (publicada na Ilustrada de 31 de agosto), o autor
questiona, como problema, o
tema central do filme "Cidade
dos Homens". Não quero discutir as preferências do crítico,
que tem todo o direito de não
gostar do filme.
Gostaria apenas de apontar o
preconceito embutido na própria crítica através da idéia de
que a favela deve ser retratada
por um foco que prioriza os
problemas sociais. O autor diz:
"A escolha de um tema universalizante -a paternidade- tem
como efeito o esvaziamento da
representação das questões
concretas e interessantes que a
série trazia (...), pois afasta seus
personagens do ponto de reflexo do coletivo para se concentrar em suas psicologias".
Tentei olhar para este universo buscando mergulhar um
pouco mais na subjetividade
das pessoas ali.
A própria escolha do título,
"Cidade dos Homens", sugere
que a questão da humanidade
está presente e é premente como essência narrativa.
Para o escritor/crítico, parece que o "pobre" não pode ter
problemas pessoais, apenas sociais. É como dizer que a classe
desprivilegiada não tem individualidade. E, logo, não pode ter
psicologia. Tem sempre que
servir como um "ponto de reflexo do coletivo".
O crítico parece preferir
olhar para a favela e seus moradores como uma massa indistinta e parece se incomodar
com a escolha de personagens
que pensam, agem e sonham
apesar deste coletivo. O humano não cabe na favela?
O acerto do artigo citado está
na definição de que o recorte
dramático está focado no cotidiano da comunidade da favela.
Tentei, sim, retratar este cotidiano ao propor uma questão
universal: a paternidade.
E, para mim, o universo engloba também a favela e seus
moradores.
O cineasta PAULO MORELLI é diretor do filme
"Cidade dos Homens"
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