São Paulo, quarta-feira, 10 de setembro de 2008

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São Pedro recebe cantata sobre corte portuguesa

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

"O Rei que Ninguém Viu" é uma cantata irônica sobre a chegada da corte portuguesa ao Rio de Janeiro, em 1808. A Banda Sinfônica do Estado, sob a regência de Abel Rocha, a apresenta numa única récita, hoje, no teatro São Pedro.
O espetáculo estava, em princípio, programado para o Cultura Artística, capaz de abrigar um público quase duas vezes maior. Mas, com incêndio do teatro, na madrugada do dia 17 de agosto, apenas 636 felizardos poderão assistir no São Pedro ao espetáculo com sete solistas vocais, libreto de Mário Viana e a música de Alexandre Fracalanza Travassos.
O rei, no caso o então príncipe regente d. João, é aguardado no cais do porto por um grupo de cinco brasileiros que têm pedidos a fazer, como a escrava Caetana, interpretada pela soprano Eliseth Gomes, à espera da graça real para não ser obrigada a se casar.
Maria 1ª, interpretada pela também soprano Cláudia Riccitelli, é o único personagem real visível. Mas é uma rainha louca -conforme atestam os historiadores- que nada diz e apenas grita.
Os demais personagens são Serafim (o barítono Leonardo Neiva), Josepha (a contralto Silvia Tessuto), o Barão (tenor Bruno Faccio) e Napoleão Bonaparte, um barítono.

Sebastianismo
O maestro Abel Rocha tem produzido um único espetáculo lírico por ano com a Banda Sinfônica. Data de dois anos a última produção especialmente encomendada, "A Tempestade", de Ronaldo Miranda, ópera baseada em Shakespeare.
O fato de ninguém ver d. João é, para o libretista Mário Viana, uma espécie de alegoria das relações dos brasileiros com o poder. "Estamos até hoje à espera de alguém que possa resolver nossos problemas para nos elevar à condição de Primeiro Mundo." Ou seja, um sentimento sebastianista que herdamos dos portugueses "como se fosse deformação genética".
Napoleão surge na cantata como uma brincadeira surrealista. Ele não perdoa d. João por tê-lo enganado -conseguiu escapar de Portugal antes que os franceses pudessem se apoderar da coroa, a exemplo do que fizeram com a Espanha.
E há ainda Josepha, uma dama da colônia, ciente de que perderá seu status, diz Viana, e será reduzida à sua caipirice, após sua inevitável comparação com as damas que desembarcam de Lisboa, cheias de novidades e informações.


"O REI QUE NINGUÉM VIU"
Quando: hoje, às 21h
Onde: Teatro São Pedro (r. Barra Funda, 171; tel. 0/xx/11/ 3667-0499
Classificação indicativa: livre
Quanto: de R$ 20 (balcões) a R$ 40 (platéia)




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