MÁRVIO DOS ANJOS
DA REDAÇÃO

Falar de Freddie Mercury (1946-1991) é recordar basicamente duas imagens bastante distintas. Uma é a da personalidade intensa e carismática que transformava os shows do Queen em verdadeira catarse coletiva. A outra é o anúncio da morte prematura, aos 45 anos, vítima da Aids.
"Freddie Mercury: A História Desconhecida", que o GNT exibe hoje, tenta traçar um perfil um pouco além do superficial do cantor, reconstituindo as várias faces de Farrokh Bulsara -seu verdadeiro nome- no caminho percorrido rumo ao estrelato.
Com depoimentos de parentes próximos e amigos, entremeados com declarações do próprio Mercury, outras faces do cantor se deixam desvendar. Conhece-se mais de sua infância em uma família persa, uma origem que ele próprio se esforçava em resguardar, e uma timidez que contrasta com as imagens do sua festa de arromba de 39 anos, que ilustram o que o cantor afirma logo no começo do programa: "Para mim não existe meio-termo".
Se a intimidade -e, por conseguinte, a homossexualidade- do cantor é bem documentada, pouco pode-se dizer de aspectos da sua produção musical no Queen. Um pecado sutilmente anunciado na "história desconhecida" escolhida pelos diretores Rudi Dolenzal e Hannes Rosacher.
A parte musical fica mais por conta dos trabalhos solo de Mercury e do seu relacionamento musical-afetivo com a soprano Montserrat Caballé. Uma pena, já que suas desavenças com o guitarrista e parceiro Brian May -que quase provocaram o fim da banda nos anos 80- também são histórias pouco esclarecidas.
Se à memória do artista pouco é acrescentado, o fã ganha em intimidade a cada depoimento de parente, amigo ou colega. Sem resvalar na pieguice, o programa garante o interesse e, no fim, seus 68 minutos tornam-se breves. Como se fossem 45 anos.