São Paulo, quarta-feira, 10 de outubro de 2007

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Frankfurt começa com polêmica catalã

Escolha de autores da região espanhola como convidados de honra foi vista como uso político da tradicional feira literária

Cerca de 300 mil visitantes são esperados até domingo no encontro, maior balcão mundial para a negociação de direitos autorais

EDUARDO SIMÕES
ENVIADO ESPECIAL A FRANKFURT

A Feira Internacional de Livros de Frankfurt, que começa hoje e termina no domingo, tem como convidado de honra a literatura catalã. Desde o anúncio da região que seria homenageada em 2007, a inclinação política da feira vem se sobressaindo em relação à sua mais reconhecida faceta de maior balcão para negociar direitos editoriais no mundo.
Encarregado de indicar os escritores que deveriam participar da feira, o Instituto Ramon Llull, que promove a língua e a cultura catalãs em todo o mundo, inicialmente convidou apenas autores que escrevem em catalão, língua proibida na Espanha durante a ditadura de Franco, entre 1939 e 1975. O instituto foi acusado de usar a feira como um instrumento político -partidos nacionalistas da região reivindicam a separação da Espanha- e acabou expandindo o convite para escritores catalães que também escrevem em espanhol.
No entanto, autores inicialmente excluídos como Carlos Ruiz Zafón, autor do best-seller "A Sombra do Vento" (Suma de Letras/Objetiva), acabaram recusando o convite. Anteontem à noite, porém, havia boatos de que Zafón aceitara participar.
O evento espera receber 130 autores catalães e mais de 300 mil visitantes, a maioria entre sábado e domingo, dias em que abre para o público.
Em setembro, o diretor do evento, Jürgen Boos, disse que a polêmica serviu para mostrar que a Feira de Frankfurt não se limita ao mundo editorial e que a escolha de seus próximos convidados de honra, Turquia (2008) e China (2009), igualmente refletem seu desejo de ressaltar o caráter sócio-político da literatura, sobretudo no que se refere à censura.
Sem destaque em Frankfurt desde 1994, quando o Brasil foi o convidado de honra, a literatura sul-americana voltará a ser foco apenas em 2010, com a Argentina. Segundo Peter Ripken, diretor da Sociedade para a Promoção da Literatura da África, Ásia e América Latina, agência alemã ligada à feira, o país é um dos poucos da região que vêm tendo boa representação na Alemanha. O programa de fomento à tradução da agência, por exemplo, contemplou recentemente obras de Pablo de Santis, Antonio Dal Masetto e César Aira, entre outros.


O jornalista EDUARDO SIMÕES viajou a convite do Instituto Goethe de São Paulo


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