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Frankfurt começa com polêmica catalã
Escolha de autores da região espanhola como convidados de honra foi vista como uso político da tradicional feira literária
Cerca de 300 mil visitantes são esperados até domingo no encontro, maior balcão mundial para a negociação de direitos autorais
EDUARDO SIMÕES
ENVIADO ESPECIAL A FRANKFURT
A Feira Internacional de Livros de Frankfurt, que começa
hoje e termina no domingo,
tem como convidado de honra
a literatura catalã. Desde o
anúncio da região que seria homenageada em 2007, a inclinação política da feira vem se sobressaindo em relação à sua
mais reconhecida faceta de
maior balcão para negociar direitos editoriais no mundo.
Encarregado de indicar os escritores que deveriam participar da feira, o Instituto Ramon
Llull, que promove a língua e a
cultura catalãs em todo o mundo, inicialmente convidou apenas autores que escrevem em
catalão, língua proibida na Espanha durante a ditadura de
Franco, entre 1939 e 1975. O
instituto foi acusado de usar a
feira como um instrumento político -partidos nacionalistas
da região reivindicam a separação da Espanha- e acabou expandindo o convite para escritores catalães que também escrevem em espanhol.
No entanto, autores inicialmente excluídos como Carlos
Ruiz Zafón, autor do best-seller
"A Sombra do Vento" (Suma de
Letras/Objetiva), acabaram recusando o convite. Anteontem
à noite, porém, havia boatos de
que Zafón aceitara participar.
O evento espera receber 130
autores catalães e mais de 300
mil visitantes, a maioria entre
sábado e domingo, dias em que
abre para o público.
Em setembro, o diretor do
evento, Jürgen Boos, disse que
a polêmica serviu para mostrar
que a Feira de Frankfurt não se
limita ao mundo editorial e que
a escolha de seus próximos
convidados de honra, Turquia
(2008) e China (2009), igualmente refletem seu desejo de
ressaltar o caráter sócio-político da literatura, sobretudo no
que se refere à censura.
Sem destaque em Frankfurt
desde 1994, quando o Brasil foi
o convidado de honra, a literatura sul-americana voltará a
ser foco apenas em 2010, com a
Argentina. Segundo Peter Ripken, diretor da Sociedade para
a Promoção da Literatura da
África, Ásia e América Latina,
agência alemã ligada à feira, o
país é um dos poucos da região
que vêm tendo boa representação na Alemanha. O programa
de fomento à tradução da agência, por exemplo, contemplou
recentemente obras de Pablo
de Santis, Antonio Dal Masetto
e César Aira, entre outros.
O jornalista EDUARDO SIMÕES viajou a convite
do Instituto Goethe de São Paulo
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