São Paulo, sábado, 10 de outubro de 2009 |
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TRECHO Vejam a criança. O menino é pálido e magro, usa camisa de linho puída e esfarrapada. Atiça o fogo na copa. Lá fora estão os escuros campos arados entremeados de fiapos de neve e além deles as florestas ainda mais escuras que abrigam uns poucos lobos remanescentes. Sua família é tida por cortadores de lenha e carregadores de água mas seu pai na verdade sempre foi um mestre-escola. Ele se afoga na bebida, cita poetas cujos nomes hoje estão esquecidos. O menino se agacha junto ao fogo e o observa. A noite em que você nasceu. Trinta e três. Os Leonídeos, era como chamavam. Deus, como choviam estrelas. Busquei o negrume, buracos no firmamento. A Ursa despedaçada. A mãe morta há catorze anos nutriu no próprio seio a criatura que a levaria deste mundo. Extraído de "Meridiano de Sangue"
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