São Paulo, segunda-feira, 10 de outubro de 2011

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CRÍTICA SHOW

Bieber faz apresentação curta e datada em SP

Cantor teen não mostrou inédita do CD que lança em um mês e desafinou nas poucas músicas que cantou a valer

CHICO FELITTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Justin Bieber poderia ter sido inventado por Steve Jobs. É, afinal, um artista iPhone: desempenha 215 funções simultâneas, agrada ao mundo todo e ainda consegue manter um design moderno sob tamanha competência.
É ele o artista teen completo (deste ano). Toca mais que os Jonas Brothers juntos. Dança a dar com pau em Bruno Mars. É fofo e não acaba no rehab como Miley Cyrus.
Isso reconhecido, vale dizer que o que 58 mil pessoas viram no estádio do Morumbi no sábado não parecia show da turnê "My World".
Porque Bieber, 17, mostra não caber mais na carreira que criou há dois anos.
A começar pelo figurino. Ele venceu a mania de vestir branco e roxo -que estão para JB como azul está para Roberto Carlos. Vestiu-se de vinil vermelho e preto.
A oscilação foi bem além da roupagem. Justin não trouxe para SP "Mistletoe", música do CD que lança em 1° de novembro, tocada no Rio.
Em vez da novidade, apresentou uma hora e (muito) pouco de versões que não se adequam mais a sua voz. Acontece que o guri passa pelo estirão. Não só cresceu 20 cm em um ano como também está na troca de timbre. Não há Autotunes que dome esse desce e sobe de gogó.
Nos momentos em que de fato soltou a faringe, acompanhado só por violões em "Never Let You Go" e "Favorite Girl", esganiçou. Mas mostrou potência vocal ao explorar tons mais graves do que o da gravação original, pré-puberdade. Sinal de que tenta achar novo tom. Bom.
Dispensou convidado especial, artifício que usou no Rio. Nem precisava: as fãs estavam ali para exercitar as glândulas lacrimais vendo Bieber e só Bieber.

FLERTO E DANÇO; CANTO?
Daí que, ao invés de chamar o palco só para si, ele tenta diversificar. Cedeu holofote a solos de guitarra (?!) e a dançarinos de break (?!).
E, como o telefone da Apple, Bieber deu pau ao tentar usar várias funções juntas. Nos hits "One Time" e "Baby", ele desencanou de cantar para tocar bateria ou flertar com o coletivo. E o playback fez toda a função.
Já os covers de "Wanna Be Starting Something" (Michael Jackson) e de "Walk This Way" (Aerosmith) foram cantados só por back singers. Justin estava ocupado mostrando (de novo!) que sabe andar para trás com o "moonwalk".
Em entrevista recente com Ellen DeGeneres, Bieber disse que sonha em virar Michael Jackson. Se quiser virar MJ, Bieber terá de se reinventar.
Recriar-se como produto a todo momento é essencial para ser pop. Vide Jobs e Lady Gaga. Nisso Justin falhou.
Se depender desse show brasileiro, é possível que cresça, adolesça com a mesma falsa voz infantil, e acabe mais próximo de onde acabou o bebê-cantor Jordy do que entronado rei do pop.

JUSTIN BIEBER EM SP
AVALIAÇÃO regular



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