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Shaft
Divulgação
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O detetive Shaft em ação |
Sequência do seriado de 1971, que estréia hoje no Brasil, traz detetive em versão violenta e vingativa
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MILLY LACOMBE
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM LOS ANGELES
Samuel Leroy Jackson se lembra
com clareza do dia em que entrou
em uma sala de cinema, no verão
de 1971, para assistir a "Shaft", então estrelado pelo galã negro Richard Roundtree.
Era a primeira vez que Hollywood tirava um ator negro do plano de fundo para trazê-lo ao primeiro, como herói. E o jovem Samuel ficou em êxtase. "Foi ali que
percebi que pessoas como eu poderiam eventualmente ser o mocinho", disse Samuel em entrevista à Folha, em Los Angeles. "Minha vida mudou no instante em
que eu conheci Shaft, aquele negro que se vestia elegantemente,
era viril, corajoso e justo."
Foi com surpresa que, quase 30
anos depois, o mesmo Samuel recebeu o roteiro de "Shaft", o novo
Shaft, em sua mesa.
"Em princípio, achei que fazer
um remake do filme seria bobagem. Não precisávamos de um
outro Shaft, o primeiro tinha sido
suficiente." Mas, ao saber que o
novo filme não seria um remake,
mas sim uma continuação, ele
aceitou encarnar o Shaft do milênio, interpretando agora o sobrinho do original.
Jackson, que há exatos dez anos
venceu o vício de cocaína, só gostaria que esse novo Shaft fosse ativo sexualmente. "Porque, como
diz a trilha sonora do filme, Shaft
é uma máquina de sexo para todas as mulheres."
O CD com a trilha foi lançado
em setembro no Brasil pela BMG
(R$ 20, em média).
Jackson, que foi indicado em 94
ao Oscar de melhor ator por
"Pulp Fiction" e é apaixonado pelo teatro -já interpretou peças na
Broadway e off-Broadway-,
quando tem um tempo livre, gosta de jogar golfe com seu amigo
Michael Jordan. Leia abaixo trechos da entrevista à Folha.
Folha - Quem é Shaft no ano
2000?
Samuel L. Jackson - Deixa eu dizer quem foi Shaft. Shaft foi um
ícone, o herói que nos ajudou a
vencer a barreira branca de Hollywood, um dos detonadores da
"blaxploitation" (exploração de
temas negros em Hollywood).
Passamos dessa fase, e o Shaft de
hoje, apesar de reprimido sexualmente e até por causa dessa repressão, é mais violento, mais vingativo do que o anterior. Se ele tivesse tido direito a cenas de sexo,
talvez não fosse assim tão sanguinário (rindo).
Folha - Ainda existe racismo em
Hollywood?
Jackson - Claro que sim. Quando
entro em uma sala para fazer um
teste, a primeira coisa que vêem é
que sou negro. Poucos atores conseguiram vencer a barreira da cor
em Hollywood. Na verdade, acho
que apenas Eddie Murphy conseguiu. Hoje, ele é apenas um sujeito engraçado. Muitas vezes, para
conseguir o papel, tenho de convencer o diretor ou o produtor de
que o protagonista daquele filme
poderia ser negro, uma idéia que
nem sequer tinha passado pela
cabeça deles.
Folha - Ganhando mais de US$ 5
milhões por filme, por que você
continua a trabalhar sem parar, fazendo três, quatro filmes por ano?
Jackson - Tenho um código genético propenso a vícios, ao exagero. Foi assim com a cocaína e,
hoje, é assim com o trabalho. Mas
a verdade é que eu gosto do que
faço e trabalho com prazer. Por
exemplo, não poderia deixar escapar a chance de estar em "Star
Wars" nem que fosse meu sexto
filme do ano.
Folha - Você, pelo que consta,
aprendeu a interpretar sob influência de algum estimulante.
Com a droga tão incorporada à sua
vida profissional, quando você decidiu que era hora de parar?
Jackson - Eu cheirei tanto pó que
hoje tenho um rombo no meu nariz, que eu não pretendo consertar, porque ele me faz lembrar
dessa época para a qual não quero
voltar. Porque nem com um rombo no nariz eu achei que era hora
de parar. Eu simplesmente comecei a fumar o pó. Há dez anos,
com medo de morrer e de não ver
minha filha crescer, decidi me internar em uma clínica e me livrar
do vício. Todos os dias, quando
acordo, agradeço a Deus por estar
sóbrio e peço para não beber nem
cheirar nas próximas 24 horas.
Folha - O que mudou depois disso?
Jackson - Eu conheci um Samuel
que sabia atuar sóbrio e de forma
menos embaçada, mais limpa e,
por isso, mais profunda. Minha
carreira decolou, e o vôo ganhou
novos ares depois de "Pulp Fiction", de Quentin Tarantino, e
"Duro de Matar 3", de John
McTiernan. O resto é história.
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