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DANÇA/CRÍTICA
Grupo americano volta ao Brasil com dois espetáculos baseados na ginástica dos corpos e nos jogos de luz
O Momix entre a arte e o espetáculo
INÊS BOGÉA
CRÍTICA DA FOLHA
O Momix constrói mundos imaginários. Com exuberante dose de fantasia, o coreógrafo Moses Pendleton apresenta em
"Super Momix" uma amostragem de seu trabalho, baseado na
ginástica dos corpos e nos jogos
de luz. Quinta-feira passada, no
Teatro Municipal, a apresentação
do grupo americano divertiu a
platéia com uma sucessão virtuosística de danças acrobáticas.
Um bambolê gigante conduzido por uma superatleta-bailarina.
Um casal que se dobra e desdobra, fundidos num corpo só. O gigante e maleável palhaço que se
move como uma lagarta de mola,
sem pé nem cabeça. Um nadador
no seco -no chão que aparentemente desliza. Um grande painel
branco onde surgem seres surreais. São cenas e mais cenas que
exploram o uso do contrapeso, e
as brincadeiras com a gravidade.
Pendleton foi bailarino-fundador do grupo americano Pilobolus, pioneiro na exploração de
imagens transformadas do corpo.
Seguindo essa linha, o Momix se
distingue pelas novas possibilidades de fusão humana (animada,
às vezes, pela arte gráfica). Por
exemplo, em "Plêiades", onde um
céu estrelado, no fundo do palco,
se confunde no fim com três bailarinas, que giram incessantemente hastes flexíveis. A tônica da
dança vem de um gosto pelo surreal do corpo, no limite de suas
possibilidades físicas; encanta pelo virtuosismo e inventividade.
A iluminação tem grande parte
no show: oculta e revela os corpos,
sugere texturas e imagens. Pode
auxiliar na ilusão, manipulando a
anatomia do corpo, como na cena
do casal que se dobra sobre si. A
força muscular e a precisão dos
atletas-bailarinos são essenciais,
aqui, para o sucesso.
O artifício dos intercâmbios
corporais e até do espetáculo circense mais convencional, isento
de compromissos maiores, são
virtudes da dança-acrobática de
Pendleton. É bem verdade que a
arte fica sujeita a um único e invariável mote: o virtuosismo, sem
outras dinâmicas mais ricas da
dança. Quer dizer: o que tem de
mais forte (literalmente) acaba
sendo também uma fraqueza.
Dança ou circo? O Momix fabrica ilusões engenhosas dos sentidos -são sonhos nos olhos de
uma menina. Como a pequena
bailarina que comentava ter adorado o contraste entre a dança pesada e dura do "Underwater nš 5"
("Debaixo d'Água nš 5") e a dança
leve e suave de "Spawning" ("Desova"), com seus balões brancos,
e as mil variações de uma grande e
divertida brincadeira.
O grupo segue sua turnê pelo
Brasil com dois programas: "Super Momix" e "Passion".
Momix
Onde: Brasília (dias 12 e 13/11); Belo
Horizonte (dias 15 e 16); Curitiba (dias 18
e 19); Porto Alegre (dias 22 e 23)
Inf.: www.dellarte.com.br
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