|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LITERATURA
No 1º Fórum das Letras, realizado na cidade mineira, escritores se apresentam e interagem com a história local
Ruas de Ouro Preto voltam a abrigar letras nacionais
JULIÁN FUKS
DA REPORTAGEM LOCAL
Novamente, Dirceu será de Marília, e Marília será de Dirceu. Novamente, líricos sermões ecoarão
de dentro das antigas igrejas, já
não mais atraentes apenas pelo
ouro que banha suas paredes. A
partir de agora, as casas coloniais
de Ouro Preto e suas ruas de pedras limadas pelos séculos voltarão a ouvir algumas das velhas vozes, assim como algumas novas
que têm protagonizado o discurso literário nacional.
Começa hoje o 1º Fórum das Letras de Ouro Preto, que aporta à
cidade mineira alguns dos principais nomes da literatura brasileira. Adélia Prado, Luiz Ruffato,
Roberto Piva, Marçal Aquino, entre outros, farão as vezes de Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antonio Gonzaga -a propósito, o
autor de "Marília de Dirceu", livro
que se passa na cidade. O francês
Jean-Paul Delfino e o português
Jacinto de Almeida, por suas vezes, ocuparão o lugar de Julio Cortázar e outros estrangeiros que estiveram na cidade e a imortalizaram em suas obras.
"É um encontro literário único,
mas sem as plumas e paetês e sem
o personalismo que costumam
marcar esses eventos", alardeia
Guiomar de Grammont, coordenadora do fórum, destacando a
mescla que promove entre autores consagrados e outros menos
conhecidos do público em geral.
Desconhecimento, no entanto,
bastante combatido por ela e pela
organização, que fez parcerias
com rádios e TVs mineiras para
divulgar, nos últimos meses, as
obras dos autores convidados.
"Esse, sem dúvida, é um dos diferenciais do evento", diz Grammont.
O outro, que permite que se
compreenda mais plenamente o
início deste texto, é o grau de interação do fórum com a cidade que
o sedia. Todas as manhãs, por
exemplo, será realizado o assim
chamado "passeio literário", que
contará com leitura de poemas e
apresentação de esquetes relacionadas às ladeiras percorridas e casas vislumbradas.
Na manhã de segunda, mais especialmente, véspera do encerramento, o professor João Adolfo
Hansen ocupará o altar da histórica igreja de São Francisco de Assis
para uma leitura comentada de
alguns sermões. Profanando um
pouco mais o sagrado, todas as
noites serão realizadas também as
"vias-sacras poéticas", saraus em
bares, restaurantes e cafés com a
participação de poetas como Fabrício Carpinejar e Alice Ruiz.
Promovido pela Universidade
Federal de Ouro Preto, o encontro
pretende receber, até a próxima
terça, cerca de 4.000 pessoas. Se de
suas peles transpirar a densa história cultural e literária da cidade,
seus séculos de ouro e palavra, o
evento terá cumprido sua missão.
Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Panorâmica - Exposição: Paço Imperial inaugura antologia de Márcia X. Índice
|