DA ENVIADA A BELO HORIZONTE

O cantor e compositor Gilberto Gil sobe amanhã ao palco de uma casa de espetáculos em BH, com seu novo show, "Banda Larga". Ou não. A hipótese de cancelar a apresentação surgiu numa conversa entre Gil e seu médico.
O artista apontou na agenda o ponto "crítico" que é a apresentação marcada para um mês após sua cirurgia para a retirada de um pólipo na corda vocal. "Lembre-se de que você está em dieta vocal. Se precisar se abster dessa refeição, arque com as conseqüências de um cancelamento", disse o médico.
Embora "um pouco aflito" com a instabilidade de sua voz, Gil conversou durante uma hora com a reportagem anteontem. Ao final, disse que sentia a voz em forma. "Hoje, poderia cantar por uma hora, uma hora e meia."
O músico anda empolgado com a atual fase criativa. Tem oito composições inéditas, que vêm sendo incorporadas ao repertório do show.
A maioria das novas canções tem ritmo de baião. "Disse que faria um disco de samba, mas vou fazer um de baião. Esse repertório está chegando mais baianizado, pernambucanizado, luizgonzagueado, jacksondopandeireado", diz Gil, rindo de seus neologismos.
Para preparar o futuro da carreira, o artista reuniu uma equipe de consultores. "Chamei algumas pessoas do mundo da gravação, do ciberespaço e dos negócios, para sentarem comigo e modelarem uma nova forma de vender discos, DVDs, coisas e vender de graça também."
A expressão "vender de graça" ecoa a iniciativa da banda Radiohead, que disponibilizou na internet o disco "In Rainbows", deixando ao consumidor a definição do preço. Só 38% dos que baixaram os arquivos pagaram por eles.
Gil diz não se surpreender com a extensão da "pirataria legitimada" dos fãs do Raiohead. "A raça humana não me surpreende. A raça humana, uma beleza, uma podridão", diz, citando sua canção de 1983.


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