São Paulo, sábado, 10 de novembro de 2007

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Greve dos roteiristas caminha para impasse

Sindicato diz que estúdios não respondem as propostas de aumento de alíquotas

Talk-shows como o de David Letterman e o de Oprah Winfrey já foram afetados; Arnold Schwarzenegger vai interferir nas negociações


SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

Em Los Angeles, a atriz America Ferrara, estrela de "Betty, a Feia", junta-se aos manifestantes que fazem piquete em frente à produtora Raleigh, onde o seriado é gravado. Tem o crachá pendurado no pescoço e, a exemplo de todos ali, um cartaz na mão. Sandra Oh e Ellen Pompeo, atrizes de "Grey's Anatomy", também emprestam solidariedade aos grevistas em outra manifestação.
Em Nova York, um aviso na entrada do teatro Ed Sullivan informa que está suspensa a venda de ingressos para o talk-show "Late Show with David Letterman". Lá perto, no Rockfeller Center, outro piquete.
Desde o início da semana, com a greve decretada pelas divisões Leste e Oeste do Writers Guild of América (WGA), o sindicato norte-americano dos roteiristas, cenas como essas modificaram a paisagem nas regiões onde se concentram escritórios e estúdios das produtoras de TV e cinema dos EUA.
Mais do que isso: já alteraram a rotina das operações no mundo do entretenimento, principalmente na TV. Talk-shows como o de Letterman e o de Oprah Winfrey foram afetados, pois boa parte dos programas é ocupada por comentários e piadas sobre notícias recentes. Sem roteiristas, nada feito.
Ontem, o astro Arnold Schwarzenegger, governador da Califórnia, declarou que agirá nos bastidores para tentar ajudar a resolver o impasse. "Eu acho que é muito importante resolver isso o mais rápido possível, porque a greve tem um enorme impacto econômico em nosso Estado", afirmou.
A situação seria diferente com telefilmes e seriados, pois as produtoras teriam em estoque os roteiros necessários para as gravações que ocupariam a grade até o início de 2008. Séries como "The Office" e "Two and a Half Men" já tiveram sua escala de trabalho interrompida porque os produtores executivos, também roteiristas, paralisaram as atividades.
Outros, como "24 Horas" e "Lost", tiveram seu planejamento alterado e temporadas provavelmente serão reduzidas. A Fox e a CBS Paramount resolveram ontem jogar pesado e informaram oficialmente os produtores em greve de que não terão direito a nenhum de seus rendimentos se os programas sob sua responsabilidade não forem gravados de acordo com os cronogramas originais.

Endurecimento
Os produtores-roteiristas alegam que não há como desempenhar uma função se a outra está impedida. E já haviam sinalizado que voltariam ao trabalho se as duas partes (o WGA e o sindicato dos produtores) retomassem negociações "amistosas". O endurecimento dos estúdios caminha no sentido do impasse.
Segundo o WGA (que já acionou seu fundo de amparo aos grevistas, prevendo ampla paralisação), os estúdios nem responderam as propostas do sindicato desde julho. Ponto central: aumento das alíquotas que cabem aos roteiristas provenientes de vendas em DVD e downloads pela internet.
De acordo com o dissídio coletivo que vigorava até 31 de outubro, as emissoras de TV pagavam no mínimo entre US$ 20 mil e US$ 30 mil por roteiro para o horário nobre. No caso dos que trabalham também como produtores, o salário anual pode chegar a U$ 5 milhões. Em Hollywood, o WGA estima que o rendimento médio anual dos roteiristas é de US$ 200 mil.


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