|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Polícia solta quatro acusados de cobrar propina na Cultura
Produtora G4, de três integrantes do grupo, é
afastada da organização de tradicional festival de rock do DF
Advogado de empresários diz
que eles "não participaram
de nenhuma intermediação';
ela só "prestava favores",
afirma defensor da servidora
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Justiça Federal concedeu
alvará de soltura a quatro dos
cinco acusados de montar um
esquema de cobrança de propina para a aceleração do trâmite
de projetos que buscavam incentivos fiscais no Ministério
da Cultura, por meio da Lei
Rouanet. A prisão temporária
deles venceria hoje.
A servidora da pasta Adriana
Barros Ferraz e três sócios da
produtora G4, José Ulysses Xavier, Raul e Jair Santiago, foram soltos anteontem à noite
pela Polícia Federal. O alvará
foi dado pela 10ª Vara da Justiça Federal do DF. Outro acusado, o policial civil Paulo Cesar
Guida, da produtora Mecenas,
não foi preso pela PF.
Também anteontem, os três
sócios da G4 foram afastados
do conselho da ONG Porão do
Rock. Em reunião extraordinária, a entidade também aprovou o afastamento da G4 da
produção de eventos relacionados ao Porão do Rock, como o
festival realizado todos os anos
em Brasília, desde 1998.
Em nota, a ONG afirma que
foi "desagradavelmente surpreendida" com as notícias
acerca da Operação Mecenas
da Polícia Federal, desencadeada na última terça-feira. "Soltamos a nota porque ficamos
muito chateados com a situação, criou um constrangimento
muito grande para o evento, para a marca, para a ONG. Isso foi
uma bomba na cabeça da gente", afirmou Marcos Pinheiro,
vice-presidente da ONG.
Segundo a PF, não há projetos da G4 em apuração no
MinC, pois o ganho viria na intermediação com outras proponentes. "Recebemos uma denúncia e a encaminhamos à
CGU [Controladoria Geral da
União], que depois trabalhou
em conjunto com a Polícia Federal", disse Juca Ferreira, secretário-executivo da Cultura.
Conforme a investigação, os
acusados identificavam projetos com aprovação quase certa
do ponto de vista técnico e, dos
proponentes, cobravam propina de 2% a 5% do valor de cada
projeto (sempre acima de R$
300 mil) com a promessa de
agilizar a tramitação.
A PF afirma que o esquema
começava por meio de Adriana
Ferraz, da área de avaliação de
projetos do ministério.
"Eles não participaram de
nenhuma intermediação, de
nenhuma influência", afirmou
ontem Ronaldo Cavalcanti, advogado dos sócios da G4. Sobre
o afastamento dos três do conselho da ONG, Cavalcanti disse
que a "decisão foi precipitada".
Procurado pela reportagem,
Divaldo Teóphilo, advogado da
servidora, voltou a dizer que
Adriana "não admite participação no esquema e que, sem obter vantagens, apenas prestava
favores a amigos". O advogado
do policial não foi encontrado.
Levantamento feito pela Folha no site do MinC mostra
que, nos últimos anos, a G4
apresentou 14 projetos com pedido de incentivos por meio da
Lei Rouanet -nenhum deles
em investigação pela PF.
Do volume total solicitado
(R$ 13,68 milhões), R$ 6,61 milhões (48%) foram aprovados.
Desse montante, porém, apenas R$ 539 mil (4%) foram liberados para a produtora. Os recursos ficaram retidos tanto
pela ausência de patrocinadores interessados como por problemas na prestação de contas.
Texto Anterior: Exposição: "Impressões visuais" reúne 108 fotos na Olido Próximo Texto: "Não há tempo para Bienal tradicional" Índice
|