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Lenny e Osklen salvam Claro Rio Summer do naufrágio
As duas grifes se apresentaram num desfile conjunto, numa tenda nas areias de Ipanema, no último dia do novo evento de moda, que reuniu 16 marcas
ALCINO LEITE NETO
EDITOR DE MODA
Colocar as grifes Osklen e
Lenny -duas das melhores do
país- numa só passarela é um
golpe teatral bombástico. E foi
assim que terminou o Claro Rio
Summer, no sábado: com um
grand finale encenado em parceria pelas marcas cariocas.
Além disso, o espetáculo teve
um cenário espantoso: uma
tenda nas areias de Ipanema.
A idéia de fazer o desfile conjunto partiu das próprias grifes.
As novas coleções não são tão
fortes como as exibidas em junho, mas ainda assim impressionaram -pela firmeza da
concepção, como na Lenny, e
pelos achados poéticos, como o
chapéu panamá da Osklen.
Há, porém, um sentido oculto nesta dupla apresentação.
Como Lenny desfila no Fashion Rio, e Osklen, na São Paulo Fashion Week, reunir as grifes no mesmo desfile resulta
numa tentativa simbólica de
juntar as duas semanas rivais
do prêt-à-porter brasileiro -ou
de negá-las dialeticamente,
propondo uma nova síntese.
O Rio Summer se meteu neste vespeiro que são as fashion
weeks no Brasil com a empáfia
de um novo rico, mas também
com chances de subverter toda
a geopolítica fashion do país.
O publicitário Nizan Guanaes, pai do evento, arrecadou
mais de R$ 7 milhões em patrocínios -o que permitiu muitos
luxos, como trazer o estilista
Valentino e uma boa penca de
convidados, instalá-los em hotéis caros e fazer um show privado de Caetano Veloso.
Do ponto de vista estratégico, o Rio Summer quer se posicionar como uma semana
anual de "alto verão", que venderá a moda praia e o "lifestyle"
brasileiro ao mercado externo.
Mas pesam questões sobre
este posicionamento, como o
fato de que, nesta época do ano,
boa parte dos compradores internacionais já encerrou suas
contas para o verão e ainda não
iniciou as do alto verão.
Outro enigma: das 16 grifes
que se apresentaram, só a metade faz especificamente moda
praia -o que, em tese, significa
que na outra metade deste
evento cabe todo tipo de design
de moda, como ocorreu. Que
fator impediria que ele fosse
absorvendo tudo que lhe interessasse no futuro, sob o rótulo
de "lifestyle brasileiro"?
A principal dúvida, porém, é
saber se o evento, que nasceu
com grande apetite midiático e
um desejo voraz de reformular
a cosmética das fashion weeks
brasileiras, vai se conformar
em ser apenas tópico secundário na agenda nacional da moda
-uma festa de negócios com
champanhe francês- ou se vai
também exibir a parte mais
criativa da moda do país.
Bem organizado (para uma
edição inicial), o evento, no entanto, só pôde oferecer desta
vez marcas imaturas, coleções
precárias ou grifes que fizeram
simples desdobramentos de
suas exibições anteriores (exceções: Salinas, e algo de Raya
de Goeye, Iódice, Rosa Chá e Jo
de Mer). Lenny e Osklen salvaram tudo do naufrágio fashion.
Para ter um futuro relevante,
o Rio Summer precisa lançar o
desafio comercial e criativo do
alto verão não só para grifes
amigas da organização, mas
também para os principais designers brasileiros. Destes, havia muito poucos no evento.
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