São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 2011
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Setor 'cego' não será mais comercializado Theatro Municipal devolverá o valor de ingressos vendidos para a peça de Malkovich e para os próximos espetáculos 'Pontos cegos' são comuns em teatros do séc. 19; comercialização é feita com aviso de 'visão prejudicada'
DE SÃO PAULO Questionado pela Folha, o Theatro Municipal informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não vai mais comercializar ingressos para o quinto andar (anfiteatro e galeria), bem como para cadeiras de visão prejudicada no quarto (balcão simples). "Os frequentadores que já adquiriram ingressos para assentos nesses locais poderão ser restituídos pela Ingresso Rápido, que opera a bilheteria do Theatro Municipal. A devolução poderá ser feita em dinheiro, na bilheteria, ou por meio de estorno da compra efetuada por cartão de crédito", diz a nota. Já foram efetuadas 13 devoluções de ingressos de um total de 1.108 vendidos para as três apresentações do último fim de semana, nos setores com visão comprometida. Para os próximos espetáculos, quem quiser permanecer com os ingressos desses setores poderá assistir às apresentações normalmente. O problema não é de hoje. Em 1995, bem antes da reforma do teatro, a Folha publicou uma reportagem mencionando o problema dos pontos cegos no quinto andar. A existência de lugares com visibilidade prejudicada -os chamados "poleiros"- faz parte da planta de antigos teatros, principalmente daqueles construídos em forma de ferradura. É rescaldo de uma época em que o público não ia ao teatro só para ver mas também para ser visto. Como boa parte dessas casas é tombada -caso do Municipal-, não há meios de resolver o problema. O fundamental, entretanto, é que o frequentador seja advertido na hora da compra. O mapa do teatro Bradesco, por exemplo, assinala lugares com "visão parcial" e "visão prejudicada". No Theatro Municipal do Rio de Janeiro, a venda on-line é operada pelo site ingresso.com e não há qualquer indicação sobre maior ou menor visibilidade. PELO MUNDO O teatro Colón, de Buenos Aires, possui 138 "pontos cegos". Ingressos para esses lugares são vendidos só quando a lotação está esgotada, por 10 pesos (cerca de R$ 4), e com a advertência de que se tem pouca visibilidade de lá. No site da Filarmônica de Nova York, o espectador vê uma foto da visão do palco que terá se optar por assentos de pouca visibilidade. Em Londres, o site da Royal Opera House dá detalhes das dificuldades previstas. Para o anfiteatro, há o seguinte aviso: "Não é adequado para aqueles que sofrem de vertigem ou que têm dificuldade para subir escadas". No Old Vic, todos os dias ingressos são postos à venda, por 5 libras (cerca de R$ 14), para que as pessoas possam assistir em pé às apresentações. A reportagem tentou comprar um e foi advertida: "Com o que eu tenho aqui, você não verá nada. Será como ouvir uma peça pelo rádio", disse o vendedor. Colaboraram VERENA FORNETTI, de Nova York, SYLVIA COLOMBO, de Buenos Aires, e VAGUINALDO MARINHEIRO, de Londres Texto Anterior: O que os olhos não veem Próximo Texto: Fenômeno argentino na internet, "Cumbio" chega ao Mix Brasil Índice | Comunicar Erros |
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