São Paulo, sábado, 10 de dezembro de 2005

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MÚSICA

Nelson Sargento e Teresa Cristina estão no disco

Pequeno grande reduto do samba carioca, Bip Bip lança seu álbum

DA SUCURSAL DO RIO

O Bip Bip é um bar carioca que não cabe nos seus inacreditáveis 18 metros quadrados. Já foi tema de reportagens no "New York Times" e no "Le Monde", de um livro ("Bip Bip, um Bar a Serviço da Alegria", de Francisco Genú, Luis Pimentel e Marceu Vieira) e, agora, de um CD.
"Roda de Samba no Bip Bip" reúne nomes como Aldir Blanc, Elton Medeiros, Cristina Buarque, Nelson Sargento, Wilson Moreira, Walter Alfaiate, Teresa Cristina, Moacyr Luz e Nilze Carvalho. Todos cantaram de graça. Por quê? A resposta se chama Alfredo Jacinto Melo.
Alfredinho, como é chamado por todos por causa de sua estatura aquém da mediana, também não cabe no seu tamanho. Transformou seu minúsculo bar de Copacabana em referência para o samba e, apesar de sua caixa registradora estar sempre a perigo, não pára de se envolver em projetos sociais.
No momento, ele apóia projetos voltados para crianças e adolescentes carentes em Vila Isabel (zona norte do Rio) e Niterói, também se move em prol de crianças com câncer e mães portadoras da Aids e não se cansa de soltar sua voz rouca, nas rodas de samba que lotam a calçada em frente ao Bip nas noites de domingo, para pedir às pessoas que doem sangue.
Personagem fundamental da vida carioca, Alfredinho se tornou dono de bar em 1984, quando arrendou o Bip. Ele conhecia o microestabelecimento desde a inauguração, ocorrida no fatídico 13 de dezembro de 1968, dia da decretação do AI-5. Largou os negócios de importação e exportação e foi vender cerveja.
"Eu tinha duas opções na vida: ou ficar milionário me corrompendo ou não me corromper. Preferi ser dono de bar. Meu único cafetão é o banco. Mas é um cafetão pesadíssimo", diz Alfredinho, 62.
Ele já foi escolhido o segundo melhor garçom da cidade pelo guia "Rio Botequim", embora servir não seja o seu forte: manda as pessoas pegaram as cervejas na geladeira e anota em um papel. Lamenta a fama que o bar ganhou de não ter comida. "Tem uns salgadinhos, mas quase ninguém pede", reconhece.
Além do samba de domingo (que acontece entre 20h e 22h), há choro às terças e bossa novas às quartas. Mas o bar abre toda noite, entre 18h e 1h. Hoje, por causa do lançamento do CD, abrirá excepcionalmente às 16h.
Produzido em parceria por Paulão 7 Cordas e Tuninho Galante, o disco só tem músicas inéditas. Por causa de Alfredinho, os compositores cederam os sambas sem cobrar direitos autorais, incluindo o "Partido do Bip", improvisado por Renatinho Partideiro e Marquinho China.
"Isso foi um projeto de amor pelo bar, pelo que ele representa", diz Galante. (LUIZ FERNANDO VIANNA)
Roda de Samba no Bip Bip
Artistas:
Aldir Blanc, Elton Medeiros, Nelson Sargento e outros

Gravadora: independente

Quanto: R$ 20 (no bar ou pelo email galante@uninet.com.br)

Lançamento: hoje, às 16h, no Bip Bip (rua Almirante Gonçalves, 50/loja D, Copacabana, 0/xx/ 21/2267-9696)


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