|
Texto Anterior | Índice
MÚSICA
Nelson Sargento e Teresa Cristina estão no disco
Pequeno grande reduto do samba carioca, Bip Bip lança seu álbum
DA SUCURSAL DO RIO
O Bip Bip é um bar carioca que
não cabe nos seus inacreditáveis
18 metros quadrados. Já foi tema
de reportagens no "New York Times" e no "Le Monde", de um livro ("Bip Bip, um Bar a Serviço da
Alegria", de Francisco Genú, Luis
Pimentel e Marceu Vieira) e, agora, de um CD.
"Roda de Samba no Bip Bip"
reúne nomes como Aldir Blanc,
Elton Medeiros, Cristina Buarque, Nelson Sargento, Wilson
Moreira, Walter Alfaiate, Teresa
Cristina, Moacyr Luz e Nilze Carvalho. Todos cantaram de graça.
Por quê? A resposta se chama Alfredo Jacinto Melo.
Alfredinho, como é chamado
por todos por causa de sua estatura aquém da mediana, também
não cabe no seu tamanho. Transformou seu minúsculo bar de Copacabana em referência para o
samba e, apesar de sua caixa registradora estar sempre a perigo,
não pára de se envolver em projetos sociais.
No momento, ele apóia projetos
voltados para crianças e adolescentes carentes em Vila Isabel
(zona norte do Rio) e Niterói,
também se move em prol de
crianças com câncer e mães portadoras da Aids e não se cansa de
soltar sua voz rouca, nas rodas de
samba que lotam a calçada em
frente ao Bip nas noites de domingo, para pedir às pessoas que
doem sangue.
Personagem fundamental da vida carioca, Alfredinho se tornou
dono de bar em 1984, quando arrendou o Bip. Ele conhecia o microestabelecimento desde a inauguração, ocorrida no fatídico 13
de dezembro de 1968, dia da decretação do AI-5. Largou os negócios de importação e exportação e
foi vender cerveja.
"Eu tinha duas opções na vida:
ou ficar milionário me corrompendo ou não me corromper.
Preferi ser dono de bar. Meu único cafetão é o banco. Mas é um cafetão pesadíssimo", diz Alfredinho, 62.
Ele já foi escolhido o segundo
melhor garçom da cidade pelo
guia "Rio Botequim", embora
servir não seja o seu forte: manda
as pessoas pegaram as cervejas na
geladeira e anota em um papel.
Lamenta a fama que o bar ganhou
de não ter comida. "Tem uns salgadinhos, mas quase ninguém
pede", reconhece.
Além do samba de domingo
(que acontece entre 20h e 22h), há
choro às terças e bossa novas às
quartas. Mas o bar abre toda noite, entre 18h e 1h. Hoje, por causa
do lançamento do CD, abrirá excepcionalmente às 16h.
Produzido em parceria por Paulão 7 Cordas e Tuninho Galante, o
disco só tem músicas inéditas. Por
causa de Alfredinho, os compositores cederam os sambas sem cobrar direitos autorais, incluindo o
"Partido do Bip", improvisado
por Renatinho Partideiro e Marquinho China.
"Isso foi um projeto de amor
pelo bar, pelo que ele representa",
diz Galante.
(LUIZ FERNANDO VIANNA)
Roda de Samba no Bip Bip
Artistas: Aldir Blanc, Elton Medeiros,
Nelson Sargento e outros
Gravadora: independente
Quanto: R$ 20 (no bar ou pelo email
galante@uninet.com.br)
Lançamento: hoje, às 16h, no Bip Bip
(rua Almirante Gonçalves, 50/loja D,
Copacabana, 0/xx/ 21/2267-9696)
Texto Anterior: Drauzio Varella: A meus colegas médicos Índice
|