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Humor feminino sai do banheiro
"Eu Sento, Rebolo e Ainda Bato um Bolo", de Marcela Catunda e Andrea Cals, põe um pouco mais de safadeza no gênero
Livro dá dicas a mulheres para enfrentar situações e problemas comuns do cotidiano, do intestino preso ao pé na bunda
SYLVIA COLOMBO
DA REPORTAGEM LOCAL
"Dezesseis centímetros é a
medida mínima aceitável de
um honesto pau médio pra
grande com cerca de 19 de perímetro (não confundir com "períneo')". Anotou?
Essa é uma das muitas informações úteis e/ou discutíveis
(para mulheres e para homens), baseadas em pesquisas
supostamente empíricas, que a
dupla de escritoras Andrea
Cals, 42, e Marcela Catunda, 37,
trazem em "Eu Danço, Rebolo e
Ainda Bato um Bolo".
Com uma linguagem um
pouco mais atrevida do que a
das praticantes do chamado
"novo humor feminino" -que
começou lá atrás com as aventuras de Bridget Jones e se desdobrou nos quadrinhos da argentina Maitena, na internet e
em colunas como a brasileira
"02 Neurônio", publicada no
Folhateen-, as criadoras do
site Banheiro Feminino (www.banheirofeminino.com)
agora estréiam no setor de livros
de "auto-ajuda".
Além da velha questão: "Será
que tamanho é documento?", a
dupla também aborda de modo
original outros aspectos da vida da mulher "moderna". Por
exemplo: 1) Como lidar com o
pós-parto sem se importar com
os "absorventes de elefanta" e
nem em dar uma "embarangada", 2) Como aceitar o fato de
que o intestino das mulheres
funciona mesmo de modo mais
lento que o dos homens, 3) Como relaxar e fazer sexo após
um seqüestro-relâmpago.
Andrea é carioca, casada e
trabalha com construção de sites. Marcela é paulista, também casada, sem filhos, foi redatora para televisão e vive de
frilas. Escrevem cada uma em
sua casa, direto no messenger,
e com a televisão ligada. "A internet facilitou a expressão das
pessoas, acho que o fato de segmentos como o nosso se abrirem não teria acontecido se
não fosse a rede", diz Andrea,
que criou o site em 1996. "A televisão é uma grande fonte de
inspiração, hoje em dia tenho
tirado muitas idéias de "Páginas da Vida", por exemplo",
completa Marcela.
Ambas acreditam que a graça
de suas piadas está no fato de
não serem revanchistas. De fato, as moças se mostram até
bem preocupadas com o "bem-estar" dos parceiros e dão uma
dura, por exemplo, na mulherada que provoca, atiça e depois tira o corpo fora. "Deixe
pra pegar no pau dele no dia em
que estiver decidida a dar, senão fica fake", aconselham.
Mas mexer num território
espinhoso como o dos relacionamentos entre homem e mulher é procurar escoriações por
conta própria. Marcela acha
que há muito preconceito com
mulheres que fazem humor.
"Algumas pessoas acham que
somos feministas agressivas,
que pensamos saber mais sobre a vida que os outros."
Por outro lado, há também
quem busque as moças para
pedir conselhos. Sem saber como fazer isso de um modo divertido e sem se comprometer
com as respostas, ambas inventaram os mantras e as mentalizações. O livro está cheio deles.
Há desde o dedicado a superar
o "pé na bunda" ou a mania de
querer encontrar o "príncipe
encantado", como
outros, para diferentes usos, de
curar a inveja da beleza alheia e
até para espantar a culpa.
"Pode parecer bobeira, mas
falar de um problema em voz
alta, repeti-lo várias vezes, faz
com que a gente veja que ele
pode ser uma bobagem, é um
modo de dar colo às pessoas fazendo-as rir", diz Marcela.
No final do livro, elas apresentam uma receita de bolo. A
única fórmula realmente importante, já que "sentar e rebolar já nasce com a gente".
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