São Paulo, domingo, 10 de dezembro de 2006

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Humor feminino sai do banheiro

"Eu Sento, Rebolo e Ainda Bato um Bolo", de Marcela Catunda e Andrea Cals, põe um pouco mais de safadeza no gênero

Livro dá dicas a mulheres para enfrentar situações e problemas comuns do cotidiano, do intestino preso ao pé na bunda

SYLVIA COLOMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Dezesseis centímetros é a medida mínima aceitável de um honesto pau médio pra grande com cerca de 19 de perímetro (não confundir com "períneo')". Anotou?
Essa é uma das muitas informações úteis e/ou discutíveis (para mulheres e para homens), baseadas em pesquisas supostamente empíricas, que a dupla de escritoras Andrea Cals, 42, e Marcela Catunda, 37, trazem em "Eu Danço, Rebolo e Ainda Bato um Bolo".
Com uma linguagem um pouco mais atrevida do que a das praticantes do chamado "novo humor feminino" -que começou lá atrás com as aventuras de Bridget Jones e se desdobrou nos quadrinhos da argentina Maitena, na internet e em colunas como a brasileira "02 Neurônio", publicada no Folhateen-, as criadoras do site Banheiro Feminino (www.banheirofeminino.com) agora estréiam no setor de livros de "auto-ajuda".
Além da velha questão: "Será que tamanho é documento?", a dupla também aborda de modo original outros aspectos da vida da mulher "moderna". Por exemplo: 1) Como lidar com o pós-parto sem se importar com os "absorventes de elefanta" e nem em dar uma "embarangada", 2) Como aceitar o fato de que o intestino das mulheres funciona mesmo de modo mais lento que o dos homens, 3) Como relaxar e fazer sexo após um seqüestro-relâmpago.
Andrea é carioca, casada e trabalha com construção de sites. Marcela é paulista, também casada, sem filhos, foi redatora para televisão e vive de frilas. Escrevem cada uma em sua casa, direto no messenger, e com a televisão ligada. "A internet facilitou a expressão das pessoas, acho que o fato de segmentos como o nosso se abrirem não teria acontecido se não fosse a rede", diz Andrea, que criou o site em 1996. "A televisão é uma grande fonte de inspiração, hoje em dia tenho tirado muitas idéias de "Páginas da Vida", por exemplo", completa Marcela.
Ambas acreditam que a graça de suas piadas está no fato de não serem revanchistas. De fato, as moças se mostram até bem preocupadas com o "bem-estar" dos parceiros e dão uma dura, por exemplo, na mulherada que provoca, atiça e depois tira o corpo fora. "Deixe pra pegar no pau dele no dia em que estiver decidida a dar, senão fica fake", aconselham.
Mas mexer num território espinhoso como o dos relacionamentos entre homem e mulher é procurar escoriações por conta própria. Marcela acha que há muito preconceito com mulheres que fazem humor. "Algumas pessoas acham que somos feministas agressivas, que pensamos saber mais sobre a vida que os outros."
Por outro lado, há também quem busque as moças para pedir conselhos. Sem saber como fazer isso de um modo divertido e sem se comprometer com as respostas, ambas inventaram os mantras e as mentalizações. O livro está cheio deles. Há desde o dedicado a superar o "pé na bunda" ou a mania de querer encontrar o "príncipe encantado", como outros, para diferentes usos, de curar a inveja da beleza alheia e até para espantar a culpa.
"Pode parecer bobeira, mas falar de um problema em voz alta, repeti-lo várias vezes, faz com que a gente veja que ele pode ser uma bobagem, é um modo de dar colo às pessoas fazendo-as rir", diz Marcela.
No final do livro, elas apresentam uma receita de bolo. A única fórmula realmente importante, já que "sentar e rebolar já nasce com a gente".


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