São Paulo, domingo, 10 de dezembro de 2006 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Comentário Comediantes femininas ainda precisam rebolar um pouco mais DA REPORTAGEM LOCAL
Quero acreditar que é só
uma questão de tempo.Toda essa onda de
humor feminino um dia ainda
vai soltar de vez a língua da mulherada. Não falta apenas abandonar os eufemismos para falar
de sexo, do que se tem vontade
de fazer com as mãos, a boca, os
maridos, bebês, patrões, melhores amigas etc. Mas também
do que sinceramente responder a pressões sociais e familiares. E até a nós mesmas, quando nos pegamos sentindo coisas horríveis (daquelas que só
saem no divã) como inveja ou
raiva da mãe, da irmã, das amigas. É, ainda falta peito...
Em maior ou menor grau, todas as chamadas "novas humoristas" ainda usam demais o
disfarce da auto-ridicularização. O que não deixa de ser, no
fundo, uma espécie de vergonha de parecer, justamente, romântica. Também falta largar o
tom de "menina travessa", terminando sempre as piadas
num tom de: "Eu disse tudo isso, mas era só brincadeirinha".
E por que não, também, ampliar os dramas, enriquecer o
leque de assuntos? Quem disse
que o pé na bunda é o momento
mais punk na vida de alguém?
OK, dói pacas, mas e a doença, o
envelhecimento, a morte...
Ainda, será que só dá para fazer piada sendo fútil? Os dramas existenciais femininos cabem todos na novela das oito?
E a inspiração só pode sair dos
passeios pelo Orkut ou por sites
de fofoca? "Quando se sentir
triste, não leia romances, prefira livros policiais sangrentos",
aconselha o Banheiro Feminino. Algum problema com referências intelectuais e literárias
mais complexas? Mesmo que
safadas (e olha que há tantas...).
Bom, mas são séculos de repressão, de boca fechada e de
"olha se isso são modos!". E, se
pensarmos objetivamente, até
que as coisas estão andando rápido. É só fazer as contas e imaginar com quantos homens
uma mulher de 30 anos hoje já
fez sexo e com quantos a sua
avó terá feito. Ou mesmo a mãe
dela. A diferença vai ser, fácil,
de dois dígitos para um.
Tem assunto à beça aí. Ou
não?
(SYLVIA COLOMBO)
EU SENTO, REBOLO E AINDA BATO UM BOLO Autoras: Andrea Cals e Marcela Catunda Editora: Matrix Preço: R$ 18 (71 págs.) Texto Anterior: Humor feminino sai do banheiro Próximo Texto: Inscrições: Capobianco recebe projetos para 2007 Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |