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Crítica/"Peões" e "O Fim e o Princípio"
Extras revigoram o cinema de Coutinho
LEONARDO CRUZ
EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA
O lançamento quase simultâneo de "Peões"
(2004) e "O Fim e o
Princípio" (2005) representa
um belo passo para garantir o
acesso rápido à obra do principal documentarista brasileiro,
Eduardo Coutinho. Até agora,
só "Edifício Master" (2002),
também lançado pela Videofilmes, havia saído em DVD.
"Peões", o filme-irmão de
"Entreatos", é a busca por operários do ABC que foram colegas de Lula nas greves de 1979 e 1980. "O Fim e o Princípio"
mostra a vida e as idéias dos
moradores de Sítio Araçás, pequena comunidade no sertão
da Paraíba, da qual o "progresso" passa ao largo.
Muito distintos no conteúdo,
os dois filmes se aproximam na
forma, no estilo característico
de Coutinho de encadear depoimentos de seus personagens e assim compor, no primeiro, um contundente panorama sobre um momento histórico chave do Brasil recente e, no segundo, um delicado retrato sobre o envelhecimento, o
tempo e a memória.
Tanto "Peões" quanto "O
Fim e o Princípio" são acompanhados por extras que dão nova
dimensão aos filmes. Em ambos os DVDs há ricos personagens excluídos da montagem final, como Maria de Chicute e
suas piadas chulas sobre Camões, em "O Fim e o Princípio". Este também traz o retorno de Coutinho e equipe a Araçás mais de um ano depois, para
mostrar pela primeira vez o filme aos entrevistados.
Por fim, em "Peões", ainda há
uma pequena jóia: "Boca de Lixo", média-metragem de 1992,
sobre as pessoas que sobrevivem do que recolhem em um lixão a 40 km do Rio de Janeiro.
É um soco no estômago.
PEÕES e O FIM E O PRINCÍPIO
Direção: Eduardo Coutinho
Distribuidora: Videofilmes
("Peões", R$ 45,90; "O Fim e o Princípio", só para locação)
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