São Paulo, quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

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Cultura de cassino

Nova temporada de shows de Maria Bethânia em teatro levanta debate sobre grandiloquentes casas de shows brasileiras

FERNANDA MENA
MARCUS PRETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Com ingressos esgotados, Maria Bethânia faz hoje no Teatro Abril a primeira das três apresentações paulistanas de "Amor, Festa, Devoção", espetáculo baseado em "Tua" e "Encanteria", álbuns que lançou simultaneamente há dois meses.
O local escolhido pela cantora é inesperado -mesmo para seu público mais fiel.
A não ser pelo hypado Auditório Ibirapuera, os artistas têm preferido o esquema supostamente "superior" das grandiosas casas de shows.
Isso porque o público já se habituou ao clima "descontraído" e às fartas opções de comes e bebes que essas casas oferecem. E também à comodidade de ter um garçom por perto num estalar de dedos, que pode providenciar uma garrafa de champanhe e abri-la na mesa mesmo que o artista já esteja no palco, sussurando a mais suave canção de amor.
É exatamente disso que Bethânia quer fugir. Tanto é que toda esta turnê da cantora -a única exceção foi a estreia carioca, no Canecão- tem acontecido em teatros.
Isso reacende o eterno debate sobre a tênue linha que separa -ou junta- arte e diversão, "música para ouvir" e "música para curtir", como definiu o garçom de uma dessas casas.
Diretores artísticos dos espetáculos consideram esse esquema "à Las Vegas" um desastre para a realização de um trabalho artístico minimamente mais delicado. E que prejudica radicalmente tanto a execução quanto a recepção da música e da encenação.
Do outro lado, casas de shows se defendem, dizendo que o esquema vem sempre coberto por cuidados. E que, mais que isso, o serviço é uma exigência do cliente dos dias atuais, que não têm tempo de voltar para casa depois do trabalho, então precisa "resolver" sua fome ali, diante do artista.


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