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Cultura de cassino
Nova temporada de shows de Maria Bethânia em teatro levanta debate sobre grandiloquentes casas
de shows brasileiras
FERNANDA MENA
MARCUS PRETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Com ingressos esgotados,
Maria Bethânia faz hoje no
Teatro Abril a primeira das três
apresentações paulistanas de
"Amor, Festa, Devoção", espetáculo baseado em "Tua" e "Encanteria", álbuns que lançou simultaneamente há dois meses.
O local escolhido pela cantora é inesperado -mesmo para
seu público mais fiel.
A não ser pelo hypado Auditório Ibirapuera, os artistas
têm preferido o esquema supostamente "superior" das
grandiosas casas de shows.
Isso porque o público já se
habituou ao clima "descontraído" e às fartas opções de comes
e bebes que essas casas oferecem. E também à comodidade
de ter um garçom por perto
num estalar de dedos, que pode
providenciar uma garrafa de
champanhe e abri-la na mesa
mesmo que o artista já esteja
no palco, sussurando a mais
suave canção de amor.
É exatamente disso que Bethânia quer fugir. Tanto é que
toda esta turnê da cantora -a
única exceção foi a estreia carioca, no Canecão- tem acontecido em teatros.
Isso reacende o eterno debate sobre a tênue linha que separa -ou junta- arte e diversão,
"música para ouvir" e "música
para curtir", como definiu o
garçom de uma dessas casas.
Diretores artísticos dos espetáculos consideram esse esquema "à Las Vegas" um desastre
para a realização de um trabalho artístico minimamente
mais delicado. E que prejudica
radicalmente tanto a execução
quanto a recepção da música e
da encenação.
Do outro lado, casas de
shows se defendem, dizendo
que o esquema vem sempre coberto por cuidados. E que, mais
que isso, o serviço é uma exigência do cliente dos dias
atuais, que não têm tempo de
voltar para casa depois do trabalho, então precisa "resolver"
sua fome ali, diante do artista.
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